Ex-prefeitos presos por fraudes em licitações acusam deputado Ademir Camilo
Com a documentação apreendida e depoimentos, surgem novos suspeitos |
Ex-prefeitos
de cidades mineiras presos pela Operação Esopo, da Polícia Federal, apontaram o
deputado federal Ademir Camilo (PSD-MG) como intermediário de verbas do
ProJovem, liberadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e direcionadas
para municípios do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha, onde o
parlamentar foi votado. O programa é uma das maiores fontes de recursos sob
suspeita de desvio para a organização da sociedade civil de interesse público
(Oscip) Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC), com sede em
Belo Horizonte, acusado de desviar R$ 400 milhões de recursos públicos nos
últimos cinco anos. A operação que prendeu 22 pessoas, incluindo seis
ex-prefeitos, provocou a queda de quatro pessoas no MTE, entre elas o número 2
da pasta, o secretário-executivo Paulo Roberto Pinto, filiado ao PDT.
O
deputado, contudo, refuta as acusações e nega envolvimento com irregularidades.
“Deputado
não é intermediário. Nós tivemos uma formatura em Belo Horizonte da primeira
turma do ProJovem em Minas, de 12 mil pessoas, e eu estive presente.
Posteriormente o ministro (Carlos Lupi) garantiu ao governador Antonio
Anastasia (PSDB) que iria ampliar o número de jovens atendidos”,
garantiu ele. Segundo Camilo, todas as cidades atendidas no estado foram as que
o Ministério havia estipulado.
Segundo
reportagem do Estado de Minas em janeiro de 2012 que denunciou as ações do
IMDC, Ademir Camilo participou de solenidades de lançamento do ProJovem em
municípios onde é votado. Uma delas é São Francisco. Em depoimento à PF, o
ex-prefeito da cidade José Antônio da Rocha Lima (eleito pelo PT e que acabou
sendo afastado do cargo por denúncias de malversação de dinheiro púbico
investigadas na Operação Conto do Vigário), negou irregularidades no contrato
com o IMDC e confirmou que Camilo “foi quem conseguiu a verba para o projeto”
que resultou na contratação da Oscip.
O
ex-prefeito de São João da Ponte Fábio Fernandes Cordeiro (PTB), o Fábio
Madeiras, declarou também à PF que teve conhecimento de que o deputado
negociava diretamente com o ex-ministro Carlos Lupi. Para conseguir abocanhar
recursos do Projovem, o presidente do IMDC, Deivson Vidal, teria se aproximado
de Ademir Camilo, que, por sua vez, exercia influência na liberação dos
recursos do programa.
Já
o ex-prefeito de Januária Maurílio Arruda (PTC) alegou em seu depoimento que o
deputado é apoiado por um grupo político rival dele e que quando tomou posse em
janeiro de 2009, já estava consignada emenda parlamentar do ex-pedetista,
destinando R$ 1,4 milhão ao programa. “As metas do Projovem em Januária não foram
cumpridas porque a própria prefeitura notificou o IMDC para cancelar o contrato
ao sentir que o instituto era de competência duvidosa para atender os objetivos
contratuais”, garantiu Arruda, que chegou a ser detido na operação da
PF, mas teve prisão revogada pela Justiça Federal.
No
depoimento, Arruda declarou que chegou a ser procurado por Marcos Vinicius
Silva, o Marquinhos, ex-assessor de Camilo e que teria atuado também em nome da
Oscip. “Ele (Marcos Vinicius) quis saber por que a prefeitura tinha rompido o
contrato com o IMDC. Eu respondi que o motivo era que o serviço prestado não
estava sendo adequado”, afirmou ele. Marcus Vinicius teve prisão
temporária decretada na Operação Esopo, mas está foragido desde 2 de julho,
quando teve prisão decretada em outra operação da PF, que investiga a venda de
títulos advocatícios falsos, usados para compensação tributária pelas
prefeituras junto à União.
Com
Estado de Minas
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