Atingidos por barragens acampam na Assembleia de Minas

Pessoal do MAB lotou as dependências da Assembleia na manhã dessa quarta (11)
Cerca de 300 pessoas atingidas por barragens e por minerodutos acamparam na manhã dessa quarta (11) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O acampamento faz parte da Jornada Nacional de Luta do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Foi realizada uma Audiência Pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia para debater a situação dos atingidos por barragens e projetos de mineração em Minas Gerais, ocasião em que surgiram diversas denúncias de violação de direitos, pendências históricas de empresas privadas e órgãos estatais em diversas regiões e apresentadas propostas para que os problemas sejam resolvidos.

Pablo Andrade, membro da coordenação nacional do MAB, questionou o atual modelo de desenvolvimento que destina a energia gerada pelas barragens para a mineração, que são as mesmas que avançam em diversos projetos que destroem o meio ambiente e violam os direitos, segundo ele, citando exemplos de diversos projetos de minerodutos em plena crise de falta de água no estado.

Moradores da região de Grão Mogol apresentaram diversas denúncias de violação de direitos das famílias atingidas pela Barragem de Irapé, além da grave situação dos pescadores devido a contaminação das águas do Rio Jequitinhonha. “A barragem de Irapé foi anunciada como redenção para o Vale, mas o progresso prometido não veio. Hoje, a região é a que tem menos água potável disponível, tem o pior serviço de energia e o mais alto grau de analfabetismo. E agora querem levar nossa água pelos minerodutos. Esperamos que a nova direção da CEMIG dialogue com os atingidos e resolva estes problemas históricos”, disse Aline Ruas, coordenadora do MAB em Minas Gerais.

Todos denunciaram violações contra os atingidos, que não são devidamente indenizados, não recebem oficialmente novas terras e ficam sem oportunidade de trabalho e produção local. Eles alegam que os projetos de construção de barragens são feitos de cima para baixo, sem a participação popular.

Segundo o deputado Rogério Correia (PT), autor do requerimento que motivou o debate, os principais objetivos do movimento dos atingidos por barragens são estabelecer uma política estadual para essas pessoas; debater a realidade dos minerodutos no Estado, tendo em vista a crise hídrica atual; tratar da necessidade de medidas imediatas em relação a locais onde há passivos sociais; e discutir a produção da agricultura familiar em Minas.

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