Agressões à natureza agravam situação de seca
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Desmatamento às margens do rio Pardo: inércia dos órgãos públicos e omissão da sociedade |
Em pleno mês de fevereiro, os municípios do Alto Rio
Pardo já sofrem com a drástica situação de seca, época em que, geralmente, era
farta de água. As chuvas do verão foram mínimas, fato nada animador para a
agricultura familiar no restante do ano. Os pequenos rios se resumem a filetes.
O rio Pardo, maior da região, perdeu seus maiores afluentes, que morreram pelas
mãos dos homens que buscavam lenha, areia, cascalho...
A pior morte foi do ribeirão Santana, que era um dos
principais afluentes do rio Pardo. O Santana parou de correr depois que o
Governo Federal inventou executar o trágico “Pro-Várzeas”, um projeto cujo
objetivo era eliminar áreas de várzeas, justamente os terrenos que contribuem
para a manutenção dos rios. As obras foram abandonadas e os responsáveis
desapareceram, deixando até maquinários no meio do mato. Um crime sem
precedentes, mas impune até hoje. “Acabaram com as áreas úmidas, as lagoas e
reservatórios, que foram drenados. Foi o maior desastre ambiental da região”,
conta o técnico em ambiente, Amarildo Freitas, de Taiobeiras. “Desde
então, o ribeirão Santana secou completamente, prejudicando centenas de
pequenos produtores de Rio Pardo de Minas e Taiobeiras”, lembra o técnico.
Com a morte de afluentes e a degradação ambiental, o Pardo
enche com as chuvas, mas o nível baixa rapidamente. Devido às poucas chuvas, o
alerta está ligado para a cidade de Taiobeiras, que depende de míseras e
vexatórias soleiras de nível, pequenas obras paliativas construídas pela Copasa,
que seguram o mínimo de água.
A escassez de água na região é justificada por muitos
devido à derrubada da mata nativa para dar lugar a reflorestamentos de
eucalipto, que passaram a ocupar grandes extensões de terra desde a década de 1970.
“A
diminuição da água mostra que pagamos o preço do desmatamento. Com a retirada
da mata nativa, foi eliminada também a permeabilidade natural da água da chuva,
ocasionando o assoreamento das nascentes”, observa o ambientalista Soter
Magno do Carmo, de Montes Claros.
O desmatamento, a retirada das matas ciliares e a extração
de areia no rio Pardo são ações criminosas que acontecem diariamente diante dos
narizes das autoridades e políticos. A omissão dos que deveriam fiscalizar e punir
merece ser história de filme dramático.
E o que era ruim está ficando pior. Nos últimos anos
proprietários de terra às margens do rio passaram a fatiar terrenos para
chacreamentos, ocasionando uma série de construções totalmente irregulares a poucos
metros do leito. Em muitos casos, a mata ciliar do Pardo vem sendo varrida.
Algo incrivelmente absurdo, pois nenhuma autoridade se manifesta sobre o
assunto e fingem que nada está acontecendo.
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Esgotamento dos rios na região deixa os sertanejos desolados |
Além da morte do ribeirão Santana, o técnico Amarildo
Freitas também lamenta os danos provocados no passado pela monocultura do
eucalipto e destaca ainda a derrubada de matas nativas para formação de
pastagens, ações que refletiram na quantidade de água mantida no rio. Quanto
aos chacreamentos ilegais, Amarildo afirma que o rio sofre terríveis danos. “Todo
mundo se sente no direito de desmatar, acabando com as matas ciliares”,
lamenta o técnico.
Neste cenário aparecem os caminhões pipa, geralmente
alugados junto a correligionários dos prefeitos da região. Eles são a única
fonte para abastecer as famílias da zona rural e povoados, como os das Lagoas
Grande, Dourada e Seca, em Taiobeiras, onde o prefeito Danilo Mendes anunciou
que em novembro de 2014 iria inaugurar um sistema de abastecimento de água
através da Copanor, mas a obra simplesmente foi abandonada pela empreiteira,
deixando centenas de famílias somente na esperança. Hoje, a maioria das
famílias dos três povoados taiobeirenses estão à mercê dos pipas, uma vergonha!
ALGUÉM PODERIA ME EXPLICAR O PORQUE RETIRAR AREIA DO RIO O PREJUDICA? A PRIORI ISTO ESTARIA AJUDANDO NO DESASSOREAMENTO DO RIO, OU NÃO? QUE EU SAIBA O RIO SÃO FRANCISCO ESTÁ COM O NÍVEL BAIXO JUSTAMENTE PELO ASSOREAMENTO PROVOCADO PELA TERRA E AREIA QUE SÃO LEVADOS PARA SEU LEITO.
ResponderExcluirolá anônimo, quando se tira areia do rio, você está tirando uma forma do rio segurar a água, já que a areia impede o ASSOREAMENTO DO RIO, se você tira as margens ficam frágeis e podem assorear, causando uma erosão da terra e desgaste do leito. O problema do rio São Francisco é justamente os mesmos do rio pardo, desprezo por suas nascentes.
ExcluirTaiobeirense vive de ilusões... Água tá secando, os bandidos tomaram conta... A gasolina aqui é uma das mais caras de MG. Os produtores rurais estão vendo seu rebanho só diminuir. Produz muito pouco de alimentos. Enquanto isso o prefeito vive exaltando Taiobeiras, que é a cidade que mais cresce no norte de Minas....
ResponderExcluirNão darei mais de 2 décadas para a cidade de Taiobeiras se tornar um grande deserto.Migração em massa da população para as cidades circunvizinhas que possuem água.Mestre Nostradamus!!!
ResponderExcluirO jornal poderia visitar a barragem do Matrona e repassar à população a real situação do uso de sua água.
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