Ações simples podem diminuir o número de mortes por câncer
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Por Arlen Santiago |
Nos últimos anos, as recomendações para o exame
de sangue à base de antígeno prostático específico (PSA), na tentativa de
detectar o câncer de próstata, sofreram modificações. Há 5 anos,
cientistas norte-americanos afirmaram que o exame não deveria ser realizado, pois acreditavam
que os riscos eram maiores do que os benefícios. Mas agora, voltaram
atrás. Os casos avançados deste tipo de câncer aumentaram e o
exame énovamente indicado.
De acordo com a recomendação publicada na revista
científica “Jama Oncology”, da Associação Médica dos Estados
Unidos, em abril de 2017, os pacientes devem ser informados sobre os benefícios
e os riscos do exame ecabe a cada um decidir se vai ou não
realizá-lo. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda que o exame
seja feito de maneira individualizada.
Às vezes, exatamente para diminuir os custos
públicos e sem pensar muito nos pacientes, os governos fazem
recomendações errôneas. Temos vários exemplos em nosso país. Um deles
é a publicação da Portaria n° 61/2015,assinada pela ex-presidente
Dilma Rousseff, que reduziu o acesso à mamografia de rastreamento, feita para
diagnosticar precocemente o câncer de mama em mulheres que não possuem os
sintomas, dificultando o acesso das pacientes de 40 a 50 anos e podendo agravar
o número de mortes.
Outro exemplo negativo é o não pagamento pela Secretaria
de Estado de Saúde de Minas Gerais do incentivo estadual para biópsia
de tumores de mama suspeitos. Isto dificulta muito o diagnóstico precoce
do câncer de mama, visto que a tabela do procedimento não paga ao menos a
agulha.
A saúde é uma preocupação crescente e, cada vez mais,
as pessoas buscam por informações e não medem esforços para que o corpo e a
mente funcionem bem. Ninguém deseja doença. No segundo semestre,
temos duas campanhas importantes aqui no Brasil: a Outubro
Rosa, que luta contra o câncer de mama e estimula a participação da
população, de empresas e de entidades e a Novembro Azul, que
aborda questões relacionadas à luta contra o câncer de próstata. Mas não
temos muito o que comemorar. A população brasileira está se
conscientizando, mas não consegue atendimento adequado.
Segundo dados do INCA, estes dois cânceres de alta
incidência (próstata e mama) chegam a quase metade dos tumores, mas
se identificados precocemente e tratados, o percentual de cura é maior. Para
se ter uma ideia, só em 2017, aproximadamente 120 mil novos casos
foram diagnosticados.
Poderíamos diminuir o número de mortes de
usuários do SUS com pequenas ações, como facilitar o exame de PSA em
homens e a mamografia em mulheres de 40 a 70 anos. Sabendo dos principais tipos
de cânceres que afetam o Brasil, o governo precisa melhorar as
estratégias de combate à doença. No nosso país, infelizmente, o orçamento
da saúde é destinado às pessoas que já estão doentes e o hábito de
cura prevalece sobre o de prevenção.
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