Gerazeiros iniciam luta contra a mineração na região

Sítio arqueológico é um dos argumentos para evitar exploração do minério

Um sítio arqueológico com 24 cavernas na região de Grão Mogol é o principal empecilho para a implantação do Polo Minerário do Norte de Minas, em investimentos bilionário dos chineses, que já compraram a maioria das jazidas descobertas nas regiões de Salinas e Grão Mogol. Os Gerazeiros, membros das comunidades tradicionais do Vale das Cancelas, na zona rural de Grão Mogol, são os que resistem contra a exploração das jazidas de minério de ferro encontradas na região.

“Estamos esclarecendo as muitas dúvidas do povo geraizeiro e e alertando para o estrago que esse projeto vai causar nas comunidades”, explica Juvenal Gouveia, geraizeiro militante do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB.

O principal objetivo deles é alertar o Governo sobre esse sítio arqueológico ainda a ser pesquisado. A socióloga Luzia Alane Rodrigues, agente da Comissão Pastoral da Terra e coordenadora da mobilização dos geraizeiros, explica que o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) identificou esse sítio arqueológico e usou sua existência para negar o licenciamento para a exploração do minério.

Luzia Alane Rodrigues lembra que a Sul Americana Metais (SAM) vem tentando desde o ano de 2010 implantar esse pólo minerário, mas tem enfrentado a resistência dos Gerazeiros.

Ela lembra que no projeto de estudos e relatórios dos impactos ambientais, a China se dispõe a construir a barragem de rejeitos nas comunidades rurais de Lamarão e São Francisco, na zona rural de Grão Mogol, no que seria a maior barragem de rejeitos da America Latina e 50 vezes maior do que a que existia em Brumandinho, local onde aconteceu a tragédia com mais de 160 mortes e 140 desaparecidos.

Os Gerazeiros temem que haja uma tragédia nos mesmos moldes de Mariana e Brumadinho, e o sítio arqueológico com 24 cavernas se tornou o álibi contra a exploração do minério. Eles também argumentam que a população Gerazeira é protegida por lei estadual e deliberou por não aceitar o empreendimento.

O movimento contra a mineração na região tem apoio do Centro de Referência em Direitos Humanos, Rede Igreja e Mineração, Sindicato de Trabalhadores Rurais de Salinas, Josenópolis, Riacho dos Machados e Fruta de Leite, além da Paróquia Santo Antônio de Salinas e da Deputada Estadual Leninha (PT).

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