Mediocridade


Por Zonete Mendes
Há mais de 10 anos iniciou-se uma obra que seria o alicerce da redenção econômica dessa região: a barragem de Berizal.

Projetos e emendas parlamentares, liberação, licitação, intervenção, construção e interrupção. Tanto ão assim o resultado poderia ser “bão”, mas a verdade que estamos no “olho do priquito”.

Ora! Lá na dita barragem foram enterrados mais de R$150 milhões e precisam de outros R$100 milhões para concluir a obra e, aí ficam autoridades e sociedade mediocremente engalfinhadas numa discussão sem fim a criticar posturas, sem avanços nem propostas para a resolução das pendências!

A realidade:

O DNOCS, ou sei lá que órgão do Governo Federal está sentado num saco de dinheiro, acomodado esperando a oportunidade para apontar culpados e protelar ainda mais a conclusão das obras, porque assim vamos chegar perto das próximas eleições, o que a eles interessam.

O Ministério Público não dá um passo em favor das pessoas, a defende-las e fazer que os processos sejam retomados e as obrigações cumpridas, para a sua satisfação legal e reinício das obras.

Os órgãos ambientais se refestelam no emaranhado de formulários e cumprimento de portarias, decretos e ordens absurdas que fazem apenas acumular papel sem a menor importância para os que sofrem com a falta d’água.

O movimento dos atingidos pela construção da barragem reivindica, e com legitimidade, o assentamento das mais de 750 famílias antes da retomada das obras, condição necessária para sua liberação.

O povo, os mais desassistidos, fica sem água, à mingua por uns 200 litros semanais, carreados pelo Exército Brasileiro a atender o extremo da pobreza.

A fauna, a flora agonizam com a falta d’água. Mas dizem, ou pelo menos agem de forma a compreendermos que tem de ser assim! Imbecilidade e preguiça de barnabés irresponsáveis emaranhados em procedimentos inventados por gabinetes que não conhecem a nossa realidade.

Vaidade, pequenez e mediocridade de líderes regionais que não conseguem ver além do umbigo – seu, ou alheio quando interessa – e, por consequência, não passam disso: líderes medíocres e passageiros. Incapazes de articular a administração dos conflitos em torno do projeto, legítimos ou imbecis, guiam 204 mil habitantes da microrregião, com seus mais de 130 mil eleitores, a mais um pleito em 7 de outubro próximo.

Pobre filho dessa terra. Carregar mais uma campanha eleitoral repleta de líderes medíocres, sem propostas, sem vergonha de mostrar um rosto feio e insignificante e o povo aplaude; como ovelhas sem pastor caminham para além do nada e para nada. Pobre sertanejo, espoliado por todos e de todas as formas. Pobres de nós que para nos defender pagamos salários altos a arrogantes e encasulados dos poderes. Pobres de nós filhos do Alto Rio Pardo, caminhando sem proteção e mastigados nos sonhos de dignidade.

Mediocridade instituída e acomodação forçada, pela sede de justiça e pela fome de vida!

Pobres incautos e acomodados sertanejos, risonhos de sua própria desgraça: começar de novo para nada construir.


Pelo menos água! Líderes e autoridades medíocres do Alto Rio Pardo.


Zonete - Salinas/MG, Julho de 2012

Comentários