João Cipó é inocente. E agora?

BELO HORIZONTE – Depois de muita articulação, este Jornal conseguiu ter acesso à sentença do julgamento de João Batista Rodrigues Sampaio, conhecido por João Cipó, que ocorreu no salão do 1º Tribunal do Júri, em Belo Horizonte. O júri, que havia sido adiado por duas vezes, foi presidido pelo juiz Christian Gomes, que inocentou João Cipó por falta de provas. “Os jurados, por maioria, reconheceram que o réu não concorreu para os fatos”, disse o juiz na sentença.
João Cipó era acusado de desferir seis tiros contra o então Conselheiro Tutelar, Ronaldo Saturnino, de Taiobeiras. A tentativa de homicídio ocorreu durante uma tocaia na estrada vicinal que liga Taiobeiras ao povoado de Lagoa Grande, em fevereiro de 2007. Desde então, o crime se tornou a maior polêmica jurídica na história do município, pois sempre foi cercado de muito mistério, polêmica, interesses políticos e abusos. Sem falar no teatro que foi montado durante as investigações, quando policiais fortemente armados trataram os suspeitos como bandidos de alta periculosidade, inclusive levando-os para uma penitenciária de segurança máxima, mesmo sendo réus primários, com bons antecedentes e residências fixas.
Agora, quatro anos depois, a Justiça decreta que João Cipó, o principal acusado, é inocente. Então, restam as perguntas: se não existiam provas contra ele nos autos, porque ficou dois anos preso? Porque ele foi levado para uma penitenciária?
Em depoimento, a vítima Ronaldo, que foi atingido por seis tiros e passou por seis cirurgias, disse que não viu o rosto do atirador, por isso, não podia afirmar se foi João Cipó o autor dos tiros. Também em depoimento, a principal testemunha do processo, Moacir Brandão Vieira, conhecido por ‘Cirim da Bateria’, confundiu os jurados, pois disse ter inventado o apelido do tal “Zé Goiano”, que teria lhe relatado a vinda de João Cipó à Taiobeiras para matar Ronaldo a mando do ex-prefeito Joel Cruz, desafeto da vítima Ronaldo. Segundo Cirim, nas suas declarações perante a autoridade policial, inventou tal apelido, pois não sabia o nome do fictício “Zé Goiano”. “Foi o primeiro nome que veio a cabeça”, disse Cirim perante o juiz.
No depoimento, João Cipó declarou que seu problema foi “estar no lugar errado, na hora errada e ser amigo de Joel”.

Comentários

  1. João cipó foi inocentado.O que acontecerá com as testemunhas que o acusou?Já que ele perdeu 4 anos de convivência na sociedade.Terá alguma indenização? E sua esposa como fica nessa história?

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  2. É uma vergonha o que acontece nessa cidade. A Lei só vale para os que se declaram pró-prefeito Denerval, do contrário não se pode respirar que já se torna suspeito(réu) de qualquer coisa, acusado por falsas testemunhas em armações suspeitas em que as próprias Autoridades locais não fazem a menor questão de esclarecer. Foi uma covardia o que fizeram com esse cidadão por puro interesse político. Não somos todos otários como "ELES" pensam. ESTRANHO, MUITO ESTRANHO...

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