Comissões de Deputados debatem sumiço de Emilly em Rio Pardo de Minas
Delegada que assumiu o caso descarta participação física do pai
e da madrasta da menina
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Aconteceram muitos protestos e cobranças na audiência pública |
Apontado por parte da comunidade de Rio Pardo de
Minas (Norte) como suspeito pelo desaparecimento da menina Emilly Ketlem
Ferrari, de oito anos, o pai da garota, Leandro Campos, teve sua participação
física no episódio descartada pela delegada responsável pelo caso, Cristina
Coelli Cicarellli Masson, Ela fez essa afirmação durante audiência pública
conjunta das comissões de Direitos Humanos e de Segurança Pública da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na manhã desta segunda-feira
(15/7/13), na Escola Estadual José Cristiano, em Rio Pardo de Minas. A reunião
atendeu a requerimento do deputado Paulo Guedes (PT). Emilly Ferrari está
desaparecida desde 4 de maio, quando brincava na porta de casa por volta das 17
horas. Até agora não há qualquer pista de seu paradeiro.
Segundo Cristina Coeli, há imagens do pai gravadas
pelo circuito interno de um supermercado na cidade vizinha de Taiobeiras,
praticamente no mesmo instante em que a menina desapareceu. Ela acrescentou que
as investigações sobre uma possível participação de Leandro e de sua atual
esposa no sumiço de Emilly reuniu um processo com sete volumes, mas não houve
sequer uma prova material contra ambos.
Bastante emocionado, Leandro Campos se disse
“massacrado e humilhado por pessoas maldosas e covardes”, que não esperam o fim
do inquérito policial para tirar suas conclusões. Diante de centenas de pessoas
que compareceram à audiência, ele garantiu que nunca teve qualquer motivo para
fazer mal à própria filha. “Já estou julgado pela população, mas vou manter
minha cabeça erguida até o fim e provar minha inocência”, afirmou.
O pedido de prisão preventiva contra Leandro, negado
pela Justiça, foi feito para atender a um clamor da população, disse o delegado
Luís Cláudio Freitas do Nascimento. Antes de Cristina Coeli assumir o caso, ele
era o responsável. A mudança também se deveu a uma desconfiança da comunidade
local quanto aos procedimentos adotados por Nascimento, mas Cristina Coeli garantiu
que tudo foi feito dentro dos padrões da Polícia Civil.
Estatísticas - Ela levou alguns números para o
conhecimento dos deputados e da população. Segundo ela, desde 2006 foram
registrados em Minas 17.228 desaparecimentos. Em 14.368 casos as pessoas
foram localizadas e 2.860 estão sob investigação. De todos os casos, 915 são de
crianças entre zero e 12 anos, sendo que 833 foram encontradas. Atualmente, no
Estado, há 82 crianças nessa faixa etária desaparecidas.
Policiais devem ser afastados pela Corregedoria
O advogado de Tatiany Ferrari Viana, mãe de Emilly,
Diogo Emanuel Correa, acusou dois policiais civis de Rio Pardo de Minas de o
estarem ameaçando. Ele disse que, depois que pediu a substituição do delegado,
dois investigadores passaram a ameaçá-lo. Um deles, identificado como Elton,
teria postado na internet que o estava monitorando constantemente. O outro,
identificado como Samuel, teria postado que a audiência pública desta
segunda-feira serviria apenas para que os deputados pudessem pedir votos.
Diante disso, a delegada Cristina Coeli afirmou que
os dois policiais deverão ser afastados do caso, tão logo seja aberto um
processo administrativo pela Corregedoria da Polícia Civil.
Também presente à audiência, a secretária adjunta de
Defesa Social, Cássia Virgínia Serra Teixeira Gontijo, alertou que é preciso
não confundir possíveis desvios de conduta por parte dos policiais com reflexos
disso na apuração do desaparecimento de Emilly. “São coisas distintas”,
garantiu. “Se houve qualquer atitude não compatível com a função pública, ela
será apreciada pela Corregedoria. Não podemos usar qualquer situação para
prejudicar o que é mais importante, que é descobrir onde está Emilly”,
destacou.
Ela também procurou desencorajar o que chamou de
“burburinhos” diante da atuação policial. “Esse disse-me-disse não favorece em
nada o caso”, disse ela, convicta de que a investigação tem sido feita da forma
correta desde o início. “Pode não ter sido o resultado mais satisfatório, mas é
fato que houve investigação”, ponderou.
Cassia Virgínia ainda advertiu a população: “Não é
papel da polícia encontrar um culpado a qualquer custo, e sim encontrar o
culpado, encontrar Emilly. Não podemos de forma pressionada apontar um culpado
para Rio Pardo de Minas. Este tem que ser também o entendimento da comunidade.
Em vez de auxiliar numa investigação, ela pode estar tumultuando-a.”
O caso Emilly tem mudado o comportamento da
população. Sérgio de Freitas Barbosa, que falou em nome dos pais da cidade,
expôs o sentimento de abandono vivido pelas pessoas no que diz respeito à
segurança pública. A professora Maria Inês Santos Fróes relatou que nas escolas
não se fala em outra coisa. Segundo ela, algumas mães contaram que seus filhos
estão tendo pesadelos.
O autor do requerimento para a reunião, deputado
Paulo Guedes, considerou a audiência uma oportunidade para as pessoas se
esclarecerem sobre o caso. Ele agradeceu às forças de segurança do Estado pelo
empenho demonstrado e pelas respostas aos questionamentos, mas cobrou do
Governo melhorias na estrutura das polícias Civil e Militar. Em Rio Pardo de
Minas, por exemplo, ele disse que há apenas duas viaturas da Polícia Civil,
sendo que uma está quebrada.
O deputado Rogério Correia (PT) parabenizou a
comunidade pelo engajamento em torno do caso. “É um grito de solidariedade à
Tatiany (mãe de Emilly) e também uma demonstração de mobilização em torno da
segurança pública e da melhoria da qualidade de vida da população. Ele disse
acreditar que delegada Cristina e sua equipe farão tudo, de forma incansável,
para esclarecer esse caso.
Para o deputado Luiz Henrique (PSDB), a reunião foi
muito proveitosa e esclarecedora. Ele aproveitou para pedir mais verbas
federais para a segurança pública.
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