Sumiço de Emilly ganha novos investigadores, mas continua do mesmo jeito: misterioso
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Delegada Cristina Coelli, de BH, assume o caso, mas ainda não anunciou novidades |
RIO PARDO
DE MINAS – A troca de farpas na
Internet entre o advogado Diogo Emanuel e detetives da Delegacia dessa cidade
resume a tensão que envolve o desaparecimento de Emily Ketlem Ferrari Campos,
de oito anos, ocorrido desde o dia 04 de maio. Para o advogado houve
desinteresse nas investigações, já para os detetives o advogado tentou tirar
proveito político do caso. Resultado: a repercussão chegou às autoridades em
Belo Horizonte e o inquérito mudou de mãos. Agora, as investigações estão por
conta da delegada Cristina Coelli Cicarellli Masson, da Delegacia de
Desaparecidos de Belo Horizonte.
As mudanças ocorreram depois que a mãe de Emilly,
Tatiany Ferrari, acompanhada de Dr. Diogo Emanuel, foi pedir ajuda na Comissão
de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, oportunidade em que causou comoção
nos deputados e conseguiu a realização de audiência pública com duas Comissões,
ocorrida no dia 15, com participação estimada de 1.000 pessoas.
Além do desaparecimento da menina, os deputados
também debateram imbróglios que envolvem o caso, já que o advogado Diogo
Emanuel relatou que tem sido ameaçado por denunciar que a Polícia Civil não tem
dado a atenção devida ao sumiço. Ele denunciou ainda uma vergonhosa escala de trabalho
dos delegados na região, onde trabalham 15 dias e ficam outros 15 de folga.
Na audiência, a delegada Cristina Coeli descartou a participação
física do pai de Emilly, Leandro Campos, que, até então, era considerado, junto
com a madrasta, os principais suspeitos do desaparecimento de Emilly. Dra. Cristina
Coeli afirmou que há imagens do pai gravadas pelo circuito interno de um
supermercado de Taiobeiras praticamente no mesmo instante em que a menina
desapareceu. “Não existe no inquérito, sequer uma prova material contra ambos”,
afirmou a delegada.
Por outro lado, o ex-delegado do caso, Luiz Cláudio
Freitas, havia pedido a prisão preventiva de Leandro, mas o pedido foi negado
pela Justiça. Na audiência pública, o delegado disse que o pedido foi feito
para atender a um clamor da população.
Emocionado, o pai Leandro Campos se disse “massacrado
e humilhado por pessoas maldosas e covardes”, que não esperam o fim do
inquérito policial para tirar suas conclusões. Ele garantiu que nunca teve
qualquer motivo para fazer mal à própria filha. “Já estou julgado pela população,
mas vou manter minha cabeça erguida até o fim e provar minha inocência”,
afirmou.
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Cerca de mil pessoas participaram da audiência pública |
Afastamentos de policiais
O advogado da família Emilly, Diogo Emanuel, acusou
dois policiais civis de Rio Pardo de Minas de o estarem ameaçando. Ele disse
que, depois que pediu a substituição do delegado, dois investigadores passaram
a ameaçá-lo. Um deles, Elton Reis, teria postado na internet que o estava
monitorando constantemente. O outro, Samuel Castro, teria postado que a
audiência pública serviria apenas para que os deputados pudessem pedir votos.
Diante disso, foram protocolados pedidos para que os
dois policiais sejam afastados do caso, através de abertura de processo
administrativo pela Corregedoria da Polícia Civil. Na oportunidade, a
secretária adjunta de Defesa Social, Cássia Virgínia Gontijo, alertou que é
preciso não confundir possíveis desvios de conduta por parte dos policiais com
reflexos disso na apuração do desaparecimento de Emilly. “Se houve qualquer atitude não
compatível com a função pública, ela será apreciada pela Corregedoria. Não
podemos usar qualquer situação para prejudicar o que é mais importante, que é
descobrir onde está Emilly”, disse.
O detetive Elton Reis publicou uma série de críticas
contra o advogado Diogo Emanuel no Facebook, pois, segundo ele, “toda vez que a
polícia queria seguir um rumo diferente, diziam que a gente tava querendo
desviar a atenção do principal suspeito”. Elton alega ainda que as críticas
feitas pelo advogado contra a Polícia Civil foram motivadas por uma multa de
trânsito quando seu carro foi flagrado estacionado na contramão. Por diversas
vezes, o detetive chama o advogado de político fracassado na rede social.
Já o detetive Samuel Castro, disse que “seria cômico
se não trágico” um requerimento de deputado para um policial ser afastado de um
caso de tanta complexidade, “Eu, profissionalmente, não perco nada com
isso, quem perde, com todo esse rebuliço é a família da criança”, disse
Samuel.
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