Depois de muita negociação, Copasa inicia bombeamento das águas de poço

Policiais militares após reunião com os ribeirinhos

Sob forte escolta policial, funcionários da Copasa de Taiobeiras conseguiram instalar um motor para bombear as águas de um poço do rio Pardo para abastecer o sistema de captação da empresa. A medida paliativa seria iniciada na tarde do dia 04, mas os ribeirinhos não permitiram e a empresa acionou o Ministério Público.

Na manhã dessa quarta (06), 12 policiais militares acompanharam os funcionários da Copasa até a localidade ‘Passagem Benfica’ para garantir a instalação do motor, haja vista que o promotor José Cícero Barbosa, de forma urgentíssima, requisitou força policial para garantir a segurança dos funcionários da Copasa.

Ribeirinhos reclamam da atitude do promotor

Com a requisição em mãos, o Tenente Alan, comandante da operação, numa ação de muito bom senso, reuniu com os ribeirinhos no salão da comunidade Curral Velho e explicou o cumprimento da solicitação. “A situação de Taiobeiras é complicada e a medida é para evitar uma crise maior no abastecimento de água”, disse o Tenente.

O Tenente Fonseca, comandante da Polícia de Meio Ambiente, pediu o apoio de todos, pois a situação é grave. “É uma calamidade e não tem outro recurso”, disse Fonseca, solicitando a compreensão dos ribeirinhos para evitar transtornos.

Os ribeirinhos manifestaram insatisfação com a situação e alegaram que o promotor José Cícero concedeu apoio às ações da Copasa sem conhecer a realidade da comunidade. “Eles estão tirando o pouco que tem na comunidade para dar a Taiobeiras, não sei se a Promotoria Federal concorda com isso”, disse Valcilene, um dos representantes dos ribeirinhos. “Os técnicos da Copasa não tem nenhuma noção. Primeiro eles soltaram as águas de Carlos Humberto e não resolveu nada, e agora, quem garante que a nossa pouca água vai resolver o problema de Taiobeiras?”, questionou Valcilene.

Diretores da Copasa recorrem a medida paliativa

O coordenador Matheus, popular Bento, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) também criticou o Ministério Público. “A promotoria tomou uma decisão sem ouvir a comunidade, só para atender a Copasa”, disse Bento, relembrando os acordos firmados no ano passado e que não foram cumpridos.

Os ribeirinhos também reclamaram das denúncias feitas ao Ministério Público e que estão sem respostas. Ainda foram levantados questionamentos sobre a quantidade de água existente no poço e a quantidade a ser retirada, além do embasamento em Lei que permite tal ação.

Ao final, os ribeirinhos acordaram com os militares a retirada de parte da água do poço, de forma que não comprometa o abastecimento da comunidade. E o motor foi ligado.

Depois de muita negociação, motor foi ligado

Promotor diz que requisitou apenas proteção aos funcionários da Copasa

A reportagem fez contato com o promotor José Cícero para esclarecer as críticas feitas pelos ribeirinhos. Ele explicou que, em nenhum momento determinou a ligação do motor para bombear as águas do poço e apenas requisitou força policial para proteção dos funcionários da Copasa, que haviam sido hostilizados na tarde do dia 04. “Não tenho este tipo de competência. O que fiz foi pedir proteção para os funcionários exercer o trabalho. As medidas que estão sendo feitas no rio é de responsabilidade da Copasa, portanto, eu pedi a proteção dos funcionários e não para ligar motor”, explicou o promotor.

Dr. José Cícero informou que os representantes dos ribeirinhos já estiveram em seu gabinete e o fato foi esclarecido. “Quero deixar claro que, se houver prejuízo para a comunidade, providências serão tomadas de forma imediata e o Ministério Público não está endossando as ações da Copasa. O que está sendo feito para resolver o problema da falta d’água é de responsabilidade da Copasa”, garantiu o promotor, lembrando ainda que, se algo for feito de forma indevida, a empresa responderá pelas consequências.