PF explica como agia a quadrilha que fraudou o Enem
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Alunos recebiam respostas através de ponto minúsculo |
Através de duas operações, uma no Norte do
Brasil e outra em Montes Claros, a Polícia Federal (PF) combateu fraudes contra
o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado no último fim de
semana. No Norte, a PF cumpriu 22 mandados de busca e apreensão, já em Montes
Claros foram 28 mandados judiciais e 11 pessoas presas.
Para cobrar até R$ 180 mil pelo resultado das
questões, a quadrilha montou um sofisticado esquema, que incluía professores e
alunos veteranos, que faziam a prova rapidamente e saíam no tempo mínimo, com
as respostas anotadas. Depois, de um hotel, eles transmitiam o gabarito para
candidatos do exame em várias cidades do país. As alternativas corretas eram
passadas por celular para receptores do tamanho de um cartão de crédito – com
um chip semelhante a de celulares -, que os candidatos grudavam no peito, e o
áudio era ouvido por meio de ponto minúsculo no ouvido.
A tosse era a forma de comunicação do
candidato com os membros da quadrilha. Durante a prova o combinado era: “Se ele
tossia uma vez significava que ele tinha entendido a alternativa correta da
questão”, explicou o delegado. “E se tossia duas, não tinha entendido, e o
interlocutor repetia a resposta.”
Essa foi a primeira vez que os policiais
conseguiram captar e registrar o esquema de comunicação que partia dos
candidatos para os emissores de gabarito – por meio da tosse. Dessa forma,
os criminosos garantem a precisão da fraude. Para a polícia,
a segurança nos locais de prova falhou. “Nós verificamos que em muitos
locais o detector de metais não estava sendo utilizado e em outros, estava
ativado de maneira indevida”, disse Freitas.
As investigações começaram 15 dias antes da
realização do Enem e, conforme a PF, o cabeça do grupo é Rodrigo Ferreira
Viana, um ex-estudante de medicina em Ipatinga, que foi flagrado em vídeo recebendo
dinheiro de um comparsa.
O delegado federal Marcelo Freitas informou
que os membros da quadrilha já teriam fraudado outros dois vestibulares em
Goiás e na Bahia. Os envolvidos poderão responder por crimes contra a fé
pública, o patrimônio, a paz pública, entre outros delitos.
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Quadrilha que fraudou Enem é chefiada
por Rodrigo Ferreira Viana, ex-estudante de Ipatinga
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