Marina Sena: Alegrar-se com a alegria alheia

Artigo de Levon Nascimento: “Tem gente que se apega a filigranas das declarações da jovem artista”

Em 2018, alguns de nossos alunos da escola pública foram aprovados a participarem da Olimpíada Internacional da Matemática, na Tailândia, longínquo país asiático.

Ocorreu um verdadeiro "esforço de guerra" para mobilizar toda Taiobeiras e conseguir recursos que custeassem a cara viagem dos adolescentes.

Lembro-me de que muita gente - inclusive da educação - não se envolveu porque não tinha interesse direto. Alguns até desdenharam.

O mesmo, observo ocorrer agora em relação à cantora Marina Sena.

Justamente em sua terra natal, tem gente que se apega a filigranas das declarações da jovem artista à mídia, para a atacar e desqualificar.

Distorções grotescas de sua jovial expressividade, associadas à hipocrisia moralista da pauta de costumes, ao bolsonarismo estúpido e ao puro e abjeto recalque invejoso, têm levado muitos a demostrarem o pior lado de suas personalidades.

Ofensas gratuitas e bairrismo pueril, voltados a uma jovem mulher do sertão norte-mineiro, transformam-se em delitos ainda mais graves. É misoginia, que fala.

Recordo-me de que em 2018, quando participei da campanha para levar os meninos à Tailândia, eu falava de que é preciso alegrar-se com a alegria alheia e celebrar as conquistas dos outros como se fossem nossas.

Acredito que este seja o antídoto contra a inveja, muitas vezes irrefletida e inconsciente, que ataca a alma humana em qualquer tempo e lugar. Nenhum de nós está livre dessa maldição.

Recomendo a mesma coisa aos meus conterrâneos taiobeirenses nestes dias frios em que a história nos premiou com os dons artísticos de Marina Sena. Alegremo-nos por ela e com ela. Celebremos sua vida e conquistas. Se assim o fizermos, sairemos mais fortes e melhores como seres humanos e comunidade local.

A generosidade pode nos salvar.

*Professor de História e escritor.