Novembro Azul: o preconceito precisa ser superado

Por Arlen Santiago
O alerta hoje vai para o preconceito masculino. Estamos em 2017, informações são incessantemente divulgadas, mas, mesmo assim, a maioria dos homens ainda tem uma enorme resistência quando a questão é a prevenção do câncer de próstata. Eles já se mostram bem relutantes quando o assunto é cuidar da saúde, portanto, convencê-los de que se prevenir é a melhor opção para uma vida prolongada e com mais qualidade é um desafio constante.

Para se ter uma ideia, em recente pesquisa realizada pelo Datafolha entre os meses de junho e julho deste ano, constatou-se que, para 21% da população masculina no país o exame de toque retal, que é fundamental na detecção precoce do câncer de próstata, “não é coisa de homem”, e para 38% dos homens com mais de 60 anos, que possuem o maior risco de ter a doença, o exame “não é necessário”.

O Ministério da Saúde recomenda que os exames preventivos sejam realizados anualmente por todos os homens a partir dos 50 anos, e aos 45 para aqueles que se enquadrarem nos fatores de risco, que são: obesidade, histórico familiar da doença e etnia negra. Estima-se que homens com parentes próximos que tiveram este tipo de câncer antes dos 60 anos possuem, em média, 3 a 10 vezes mais riscos de desenvolver essa neoplasia. Além do toque retal, o exame de sangue, conhecido como PSA (Antígeno Prostático Específico), também é fundamental para o diagnóstico.

Aos desavisados, cabe informar que, segundo o Instituto Nacional do Câncer – Inca, a detecção da doença em estágios iniciais aumenta a chance de cura em 90%.

A conscientização sobre os riscos da doença é fundamental. Com isso, surgiu o Novembro Azul, movimento internacional em que são realizadas, durante os trinta dias do mês, campanhas de esclarecimento sobre as formas de prevenção e as maneiras de diagnosticar esta patologia. Novembro foi o escolhido por ser o mês em que se comemora o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata.

Este é um dos cânceres mais assintomáticos, ou seja, a doença não se manifesta em todos os homens. Os sintomas mais comuns incluem necessidade frequente de urinar, dificuldade em iniciar ou interromper a micção, fluxo fraco ou interrompido de urina, dor ou ardor, dificuldade para ter uma ereção, ejaculação dolorosa, sangue na urina ou no sêmen, dor frequente e rigidez na parte inferior das costas, nos quadris ou nas coxas.

Para se ter uma ideia, é o tipo de câncer que mais afeta a população masculina do nosso país, perdendo apenas para o câncer de pele. Dados do Inca apontam que 61.200 novos casos são esperados todos os anos no Brasil. Já em Minas Gerais, 5.920 diagnósticos serão feitos até o final de 2017.

Dessa forma, estar sempre atento aos sinais do corpo e procurar o médico com frequência é primordial para obtermos diagnósticos precoces e tratamentos mais eficientes. Não deixe que o medo, a vergonha e o preconceito sejam obstáculos para o cuidado com a saúde.

*Arlen Santiago é médico oncologista e deputado estadual pelo PTB

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