Taiobeiras aos 66 anos: um sonho de generosidade

*Levon Nascimento

Taiobeiras nasceu da imigração dos baianos, tropeiros que vinham para Minas Gerais em busca de uma vida melhor. Era terra de passagem, que aos poucos se tornou o lar definitivo de muita gente. Hoje é a somatória de culturas, esperanças e sonhos de um povo.

O povo de Taiobeiras – eu diria, o nosso povo – é plural, diverso, intenso e tem sonhos muito claros. Não se trata somente do sonho materialista de enriquecer. Falo do sonho de construir uma vida digna, bonita e cheia de significados.

Primeiro, Taiobeiras pertenceu a Rio Pardo de Minas. Depois, a Salinas. A luta pela emancipação, o sonho de ser uma cidade que se destaca, não foi só das famílias tradicionais e ricas. Todo o povo trabalhador, homens, mulheres e jovens, participaram desse esforço de ser cidade. E continuam lutando para participar.

Nos últimos anos, viveu-se um clima de muita tristeza em Taiobeiras por causa da violência que tirou a vida de muitos jovens. Eu acredito que a luta pela paz, pela cultura de paz, pelo respeito à vida, não para nunca. Todo dia é preciso começar de novo. Temos que incutir na cabeça dos jovens, com políticas públicas e bons exemplos, o gosto pela paz e pela vida digna.

Taiobeiras é sem dúvida uma cidade muito bonita, destaque no Alto Rio Pardo e Norte de Minas. Mas é preciso que fique ainda mais bela – de outro tipo de beleza, proporcionando oportunidades de igualdade ao nosso povo. Ninguém pode ser discriminado em Taiobeiras por raça, religião, orientação sexual, condição econômica ou opção política. Que os direitos de emprego, respeito e valorização sejam para todos os taiobeirenses. Sonho com isso.

Eu aprendi a entender o mundo enxergando Taiobeiras. É uma relação de família, de amor. Aqui eu fiz a minha vida. Aqui eu me fiz como gente. Meus livros, meus textos, minhas abordagens sempre partiram da realidade taiobeirense. Eu não sou quem sou sem que Taiobeiras seja o que é.

Nestes 66 anos de emancipação política e de autonomia, como diz a canção, que a festa seja dentro de nossas almas, por generosidade. Uma salva de palmas para a nossa cidade de Taiobeiras!

* Levon Nascimento é professor de História e mestre em Políticas Públicas.

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