Pais que abandonaram criança em Salinas responderão por tentativa de homicídio qualificado

Casal é de Montes Claros e viajou à Salinas para abandonar a criança

A Polícia Civil de Salinas concluiu as investigações relacionadas ao abandono de uma criança recém-nascida no último dia 27 de janeiro. Uma família encontrou o  bebê abandonado em uma calçada de um comércio ao amanhecer.

Inicialmente, os investigadores  desconfiavam uma adolescente, porém, diante das provas técnicas,  descartou  que essa jovem seria a mãe da criança. Ela  cometeu suicídio dias após a criança ser localizada. A partir de então, os policiais mudaram a linha de investigação e passaram a checar os hospitais da região para verificar se em algum deles havia ocorrido algum parto semelhante, com nascimento de uma menina, entretanto, nada de concreto foi apurado.

Diante da repercussão produzida acerca dos fatos e da gravidade do caso, um casal, residente em Montes Claros, se apresentou na Delegacia de Polícia confessando o abandono do bebê. De acordo com o Delegado José Eduardo dos Santos todas as provas reunidas no inquérito policial indicam que a prática cometida por eles encontra-se amparada no crime de homicídio qualificado na forma tentada.

Um dos pontos analisados pela autoridade é à distância percorrida pelo casal para que de forma voluntária abandonasse a recém-nascida, outro fator, é o horário em que isso foi feito, por volta das  3h00 da madrugada, em horário de baixa vigilância, no centro da cidade, lugar escasso de residências. “A criança poderia não sobreviver devido ao frio extremo que fazia na noite dos fatos, e ainda, poderia sofrer com ataque de animais e picadas de insetos venenosos, dentre outros', disse.

A análise também ressalta que os suspeitos optaram por uma via em que não havia câmeras de segurança, tudo isso, para dificultar as investigações e assegurar  que não fossem identificados.

Segundo o delegado, a comprovação de que o crime foi premeditado passa pelos documentos recebidos do Hospital onde o parto foi realizado. Nos documentos enviados não havia exame prévio, nem mesmo o pré-natal foi preparado antes do parto. “Isso demonstra o planejamento dos envolvidos para executar o crime” afirmou o delegado, acrescentando que “os trabalhos realizados pela perícia técnica e pela medicina legal da Civil foram preponderantes para uma análise técnica do crime, culminando com o indiciamento proposto”.

Os suspeitos justificaram a conduta aos problemas de ordem psicológica da mãe da criança, contudo,  não provaram essa condição, pois, nenhum relatório foi apresentado na delegacia que comprovasse a doença psíquica. 

No indiciamento, o delegado concluiu que o casal agiu com dolo específico de homicídio quando abandonou a criança à própria sorte, haja vista, que poderiam tê-la deixado próximo a uma Escola ou Hospital, garantindo  que ela fosse encontrada com maior brevidade. A qualificadora considera o meio insidioso ou cruel pelos desfechos que poderiam ocorrer e provocar a morte da criança. Em relação à tentativa, vale esclarecer que transeuntes encontraram a criança e lhe deram abrigo em tempo de salvar sua vida.

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