Comunicar com liberdade é preciso
Por Levon Nascimento |
A comunicação é direito humano básico.
É por meio dela que a espécie homo sapiens potencializa uma necessidade
fundamental para sua sobrevivência: a vida em sociedade. Viver socialmente só é
possível com interação comunicacional entre os indivíduos e os grupos sociais,
culturais e econômicos nos quais eles constroem, participam e transformam.
No Brasil, mesmo após a
redemocratização de 1985 e a promulgação da Carta Magna de 1988, a comunicação social
de massa, aquela que se faz pelos contemporâneos meios que a tecnologia humana
proporcionou à sociedade: radiodifusão, televisão, jornais e revistas impressos
e internet, não é livre, democrática e acessível à maioria do povo brasileiro.
No caso dos grandes veículos de massa,
como a televisão e o rádio, em que pese serem legalmente concessões do poder
público, estão subordinados à concentração e à cartelização exercidas por
grupos econômicos poderosos, comandados por poucas famílias que definem, ditam
e propagam uma linha editorial autoritária, voltada aos interesses políticos e
econômicos de seus donos e ignorante ou manipuladora quanto aos desejos e às
reais necessidades da maioria da população, especialmente das classes
trabalhadoras e pobres. O mesmo se dá com a quase totalidade da mídia de
jornais e revistas, impressa ou virtual, marcada por igual cartelização e
autoritarismo editorial.
No Brasil não se desenvolveu um
contraponto midiático a partir dos interesses das classes trabalhadoras, das
etnias historicamente subjugadas e nem dos movimentos sociais, sindicatos ou
partidos políticos que representam esses segmentos. Tampouco o Estado
brasileiro se preocupou em criar canais de mídia públicos com capacidade
financeira, técnica e operacional de modo a fazer o contraponto plural em relação
às empresas privadas. Vive-se uma ditadura midiática que molda corações e
mentes, educa para os interesses das elites e intimida e constrange as
instituições sociais e os poderes constituídos da República.
Para fazer justiça, é preciso destacar
que no governo do ex-presidente Lula foi criada a EBC – Empresa Brasil de
Comunicação, responsável pela pública TV Brasil, no intuito de avançar na
pluralidade da comunicação televisiva no país. Desfechado o Golpe de 2016, essa
emissora tem sido gradativamente desmontada, a começar pela demissão de
profissionais de viés crítico e autônomo em relação aos interesses do governo
em exercício. Já no campo das redes sociais, descortinam-se várias iniciativas
de blogues e portais alternativos, mantidos por jornalistas dissidentes do
cartel midiático empresarial ou por entidades e movimentos representativos dos
interesses populares. A falta de articulação e de definição de uma pauta
editorial comum, no entanto, faz com que essas experiências ainda não sejam
capazes de produzir efeitos substantivos contra a grande mídia.
Mais recentemente, preocupa o que vem
se convencionando denominar de “era da pós-verdade”, em relação ao predomínio
da comunicação através das redes sociais da internet, no tocante à disseminação
avassaladora, proposital e acidental de notícias falsas, no Brasil e no mundo,
as quais têm tido enorme impacto sobre os processos políticos e econômicos. Nos
Estados Unidos, credita-se à “pós-verdade” a eleição do ultra-direitista Donald
Trump. No Reino Unido, a vitória do Brexit, que pôs abaixo anos de esforços da
União Europeia. No Brasil, inaugurado em 2010 pela campanha obscurantista de
José Serra à presidência da República, tal fenômeno se avolumou e foi decisivo
para as “Jornadas de Junho de 2013” ,
ao combate inclemente aos governos de esquerda do Partido dos Trabalhadores e
para a deposição, por meio de golpe parlamentar-judiciário-midiático, da
primeira mulher a se eleger presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, em 2016.
Assombram as imensas possibilidades das
tecnologias de informação da internet se tornarem meios de espionagem e de
manipulação das massas. Ao utilizar instrumentos como a distribuição de
conteúdo por meio de probabilidades algorítmicas, redes sociais como o Facebook
de Mark Zuckeberg – um dos oito homens mais ricos do mundo, segundo relatório
da organização Oxfam – levam grupos humanos inteiros a se isolar em bolhas de
interesses, contrárias aos direitos humanos e às conquistas civilizatórias,
fomentam patologias sociais como o machismo, o racismo, a xenofobia e outras
bizarrices, ou manipulam a construção de perfis e procedimentos sociais que
tornam pessoas cada vez menos cidadãos e sujeitos de direitos, para
transformá-las em consumidores condicionados de determinados produtos ou de
posturas que o sistema capitalista julga úteis para a sua manutenção,
reprodução e perpetuação.
A “pós-verdade” comunicacional tem
criado indivíduos e grupos sociais “zumbis”, formados no simplismo das redes
sociais, incapazes de diálogo civilizado, mentalmente fechados e cegos às
diferenças, à pluralidade e à tolerância.
A concentração midiática que nega o
direito humano básico à comunicação com liberdade se encaixa no fenômeno atual
de renascimento da direita e de seus valores. Da mesma forma, é fruto das
contradições e dos interesses de sobrevivência do sistema capitalista. Por esta
razão, ela afeta e ataca sistemicamente o pensamento dissonante e as tentativas
históricas de lhe fazer frente e contraposição.
No Brasil se tem o agravante de que o
Estado nunca se propôs a regular democraticamente a mídia. Isto é
particularmente grave quando associado à tradicional inspiração autoritária das
elites nacionais, as quais por meio de seu cartel de comunicação insuflam
valores que as mantêm secularmente no poder, achacam governos e instituições e
destroem ou constroem reputações conforme lhes é conveniente aos seus
interesses.
O desafio que se impõem é o de que a
comunicação é a principal arena para a disputa cultural e de valores. É algo
mais profundo e que se inscreve, inclusive, como espaço de educação popular.
Pela comunicação social de massa se formam cidadãos ou bestas autoritárias.
A sociedade organizada e os governos
democráticos precisam atuar em duas frentes: 1) a construção de meios de
comunicação de massa abrangentes e capazes de diálogo e 2) a regulação legal da
mídia, de modo a garantir pluralidade, liberdade e democracia informativa.
*
Levon Nascimento é professor e mestrando. Este texto é parte de um trabalho do
autor para o mestrado em “Estado, Governo e Políticas Públicas”, no qual está
matriculado.
pra mim,tudo que vc publica,posta...é só pra voltar o PT ao poder... gente ruim não merece administrarl...se Lua criou esses programas como o seguro safra e outros...é porque o rombo estava acontecendo e aí o povo nem percebendo... mas Temer não merece governar...Não viverei para aproveitar nem uns meses da minha aposentadoria... in memorian antes dela...meu nome virará nome de rua,de bairro,...aqui jaz.... mas o posento não sai...Fora Temer...Fica distante,Aécio,Lula...Dilma,Marina,
ResponderExcluirComo vc é estudado, sabe bem o significado da palavra
ResponderExcluirgolpe,
substantivo masculino
choque de um corpo com outro, que resulta em impacto (de pequena ou grande intensidade); pancada, batida.
p.ext. impressão produzida por esse choque; marca, incisão.
p.ext. lesão, corte, incisão.
pancada, murro, impacto violento dado com uma parte do corpo ou com um instrumento contundente ou talhante.
recurso de ataque e defesa em luta corporal.
fig. estratagema, ardil, trama.
fig. ação ou manobra desleal; rombo, desfalque.
fig. acontecimento infausto; desgraça, choque, abalo.
fig. ação ou acontecimento súbito e imprevisto; manifestação extraordinária; rasgo, lance. Admiro muito pessoas intelectas com esses tiliques, no mínimo deve ser beneficiado, ou então cego 150 milhões foi colocado a disposição de quem? A crise? Os 13,5 milhões de desempregados, o aumento da linha da pobreza, vcs tem que parar com esses calundus, arregaçar as mangas e unirmos pelo Brasil, quem defende bandido é pior que ele. Acorda larga a paixão de lado. O Brasil ta atolado na podridão, acordem.
Cada dia mais lelé da cabeça com esse PT. Coitado do rapaz.
ResponderExcluiresse cara deve ser doente vai gostar do pt desse jeito fico triste ver um educador doente por partido mas desse jeito... moço pt chegou ao fim a sigla ja fala pt perca total dentro de taiobeiras por exemplo o pt ne na foto saiu mais.cade o tal do nilson do marruaz cade o tal do levi do pt uma tal marileide candidata a vereadora nem na fota sai ate cassilandio conseguiu ser eleito vcs petista e uma vergonha nacional e falando nisso o brasil ta fudido culpa de vcs petista pmdbista se temer ta la hoje foi por que vcs votarão em dilma eu nao tenho culpa dessa desgraça no brasil nunca votei no pt e jamais votaria
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ResponderExcluirCmo disse H. Arendh : é preciso alguém contar o que viu .... Levon ... você está do lado lúcido da história ... os pobres e excluídos deste Alto Rio Pardo , não todos, mas a maioria ainda não desapegou do cabestro e não poderia ser diferente,ainda está sob a astúcia das velhas raposas que tombaram o erário municipal como bem particular. Com a chega do Lula ap poder, essas raposas viram diminuir os seus podres poderes ... muitos da base da pirâmide acordaram quando conseguiram um pouco de empoderamento. Pobres em aeroportos - empregadas domésticas usando o mesmo perfume da patroa , viagens a praia ... tudo isto tornou-se uma afronta à burguesada "mamativa" municipal. Lídio Ita Blue
ResponderExcluirinacreditavel que este pessoa voltou a ter esta coluna neste jornal, diretor por favor nos poupe deste sujeito com ideias ultrapassadas e gerador de discordia .O Brasil precisa é de união para superar a crise .Pense pelo menos uma vez nos 13 milhões de desempregados .
ResponderExcluirO momento não é ser partidarista não Sr. Professor, e sim de pensar único e exclusivamente no Brasil e o seu povo que vem sofrendo mais que nunca, nenhum daqueles políticos pensam no povo e ainda vem você ainda com protecionismo ao PT e seus sangue sugas. E sobre o tal "golpe", só para lembrar, trocou seis por meia dúzia no qual foi colocado lá por vocês, e mais, uniram-se o Sr. Temer, Sr. Lula e a Sra. Dilma e juntas acabaram com o Brasil, e por incrível que pareça ainda pedem a volta do Sr. Lula em 2018, isso é que é gostar de sofrer
ResponderExcluirParabéns ao Jornal - dar oportunidade aos que pensam e diferente. Com algumas ressalvas, os governos Lula e Dilma fizeram mais para os menos favorecidos. A própria capital tucana do alto rio pardo, minha querida Taiô, recebeu mais atenção daqueles governos. E como diz, O Jararaca Lula... faltaram projetos para receber mais verbas.. já que a incompetência de muitos gestores municipais na elaboração de projetos tornam os municípios incapazes de receber essas verbas. Somente a epidemia tucana-bolsonita impede de enxergar os avanços sociais. "É preciso sair da ilha para vê-la."
ResponderExcluirA democracia de direito é frágil se a democracia das oportunidades , o poder da mídia faz e desfaz presidentes , não é a toa que existe um esforço em todas as campanhas de fazer coalizões políticas meramente pelo tempo de campanha , assim os pequenos , miúdos ,micros , ínfimos , quase pífios partidos são disputados quase que a tapa pelas potências eleitorais. Mas e o que acontece em tempos fora de campanha? Os blocos não abandonam os padrinhos , mesmo porque os "acordos de cavalheiros" ,sim negocia- se um apoio a partir de uma tendência que agrade os " investidores" , não se doa milhões se milhões pelo fato de ser bonzinho , as disputas eleitorais são muito mais que entre duas opções de presidente , são dois grupos poderosos , por vezes até oligárquicos ,cada qual à sua maneira negocia apoio com as bases como quem compra gado no olho e paga a prazo a cada quatro anos . De modo que o poder de manipulação dos apoios político financeiros torna-se tão importante que medidas impopulares são aprovadas no atacado pois as vezes o que está não é o que representa , mas o que dadas as circunstâncias coube mais empresariar um país que administrá-lo.
ResponderExcluirAh que saudade que me dá de poder votar e escolher um presidente da República.
O texto do professor fala de comunicação, democracia, pós-verdade, mas uma parte dos comentaristas fala de outra coisa que, embora tenha a ver, não é a espinha dorsal do texto. Sem contar os imbecis que só comentam por birra política mas não tem nenhuma capacidade para contrapor a qualidade e os argumentos do texto. O professor pode ter seu lado político e ser questionado quanto a ele, mas é infinitamente superior à boçalidade do lugar onde vive.
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