Corrupção, seca e miséria na região

Editorial

A corrupção aumenta a sede na nossa sofrida microrregião Alto Rio Pardo. Conforme Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), mais da metade das famílias mais pobres de nossa região semiárida não tem acesso à água potável, uma vergonha para os políticos, cada vez mais sonolentos, com raras exceções.

Isso deveria ser diferente, já que o Governo Federal destinou uma montanha de dinheiro ao programa Brasil Sem Miséria, gerenciado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), justamente para beneficiar famílias muito carentes, cuja renda per capita não ultrapassa 70 reais por mês. Mas, como sempre, o dinheiro evaporou com o sol escaldante do Alto Rio Pardo. Se tivesse sido aplicado devidamente, o recurso seria suficiente para construir muitas cisternas para captação de água da chuva, fato que amenizaria a grave situação e essas mesmas famílias não estariam a mercê dos famigerados caminhões pipa, que ano após ano, sugam os cofres públicos.

Estima-se que 74% dos animais dessa região estão ameaçados de morrer por falta de água, enquanto isso, a Polícia Federal vem colocando políticos para passear nos camburões. Motivo: corrupção e mais corrupção. Os ladrões não se importam com a destinação do dinheiro, pode ser da saúde, para combate a seca, para a educação ou para qualificar jovens. Tem dinheiro? Eles roubam.

Em setembro, ao amanhecer do dia 9, Taiobeiras ficou estatelada diante das viaturas da Polícia Federal, ocasião em que o ex-prefeito Denerval Germano da Cruz foi levado à Montes Claros para prestar depoimento. Junto a ele outros cinco ex-prefeitos caíram na Operação Esopo. Razão: uma quadrilha desviou, em cinco anos, R$ 400 milhões do Ministério do Trabalho, recursos que deveriam colocar milhares de jovens no mercado de trabalho, mas, segundo a PF, foram usados para comprar mansões, carros importados e até helicóptero. E aí? Aí que os jovens ficaram chupando o dedo e a quadrilha na luxuria.

Esopo é apenas uma das várias operações visando punir corruptos. No entanto, geralmente os culpados não são punidos, raramente o dinheiro é devolvido, mas a fome e a sede não perdoam, elas punem, matam.

E o pior, quando o dinheiro público não é roubado, demora a chegar ao destino por questões burocráticas. Exemplo é o Centro de Zoonoses que deveria ser construído em Salinas desde 2010, mas os recursos estão mofando na conta. Por quê? Ninguém sabe, já que cada um apresenta uma versão diferente. Enquanto isso, a cachorrada pena nas ruas das cidades da região.

É o fim da linha? Não. Ano que vem tem eleição novamente.