Editorial: O governo e sua dívida histórica com o semiárido

Região esquecida, abandonada, maltratada e explorada

Por Alex Sandro Mendes

No Brasil, 38% da população rural estão no território do semiárido. Aí, logo se afirma, o País tem uma dívida histórica com os povos do semiárido, que inclui populações tradicionais, como indígenas, quilombolas, ribeirinhos, vazanteiros, geraizeiros e outros.

Sem investimentos adequados por parte do setor público, a soberania e segurança alimentar, o acesso à água para o abastecimento humano e para a produção de alimentos, coloca-nos em situação de subsistência, principalmente com o agravamento das condições climáticas.

Muitas comunidades, sequer, tem acesso à água potável. E, para agravar de vez a situação, os cortes em políticas sociais em nível nacional e estadual representam o completo abandono do semiárido. Por outro lado, as políticas que beneficiam grandes empreendimentos, como a monocultura do eucalipto e a mineração, não param, pelo contrário, cada vez mais tem representantes no Congresso Nacional e na Assembleia de Minas.

Enquanto isso, os geraizeiros, por exemplo, não tem o direito à água inserido nos orçamentos governamentais, e as políticas públicas destinadas à convivência com o semiárido estão engavetadas. Um retrocesso sem precedentes.

Os pequenos agricultores de nossa região não pedem nada além de água e estradas, sem isso, a convivência com o semiárido fica cada vez mais difícil e o êxodo explode, principalmente no Alto Rio Pardo, onde se depara, diariamente, com ônibus clandestinos lotados de agricultores, que partem em busca de sobrevivência no Sul de Minas e interior de São Paulo.

O quadro é desolador... Com a lentidão de sempre, o poder público aparece com os famigerados caminhões-pipa, mas, na maioria das vezes, o sertanejo não tem onde armazenar a água, aí o pipa some e dois dias depois o coitado está sem água novamente, ficando a sensação de que a água não é responsabilidade pública, muito menos um bem comum.

Até quando?!...

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