Comunidade sofre com a falta d’água e com o descaso da Prefeitura de Taiobeiras

Durante reunião, geraizeiros reclamam do descaso da Prefeitura. Falta água até para cozinhar

Na noite dessa sexta (03) a reportagem do Jornal Folha Regional foi chamada a uma reunião na comunidade Lagoa Grande, onde dezenas de famílias estão sofrendo, e muito, com a escassez de água. As famílias moram às margens da estrada de acesso à comunidade. “Estamos sendo humilhados aqui”, lamenta profundamente a idosa Maria de Lourdes. “O caminhão pipa passa por aqui, mas eles fazem pouco caso com a gente e ficam inventando desculpa pra não colocar água pra nós”, completou a idosa. “Na última vez que a pipa parou aqui em casa, o moço não quis colocar a água alegando que a caixa tava longe e eu acabei ficando amingua”, chorou a idosa, que foi obrigada a comprar água. “Tive que procurar Francino e pagar 160 reais pra encher a caixa, pois não tinha nada, nem pra cozinhar”, relatou dona Maria, que é uma aposentada muito carente, mas mesmo assim deu água para a vizinhança.

O sofrimento dos moradores não mobiliza, muito menos sensibiliza, o poder público municipal, que nada faz para amenizar o problema. “Nós reclamamos, mas eles não dão importância”, disse o jovem Nei, que só recebeu a visita da pipa depois que brigou. “Teve um dia que cheguei em casa e não tinha água nem pra cozinhar, aí quase fiz uma besteira contra o pipeiro”, emendou Nei.

Só não falta água pra quem paga propina

Durante a reunião, muitos fizeram graves denúncias. Todos os moradores afirmaram que sofrem perseguições políticas e que as pessoas responsáveis pelos caminhões pipa só colocam água para as casas escolhidas. “Eles colocam um pingo de água pra gente num dia e só voltam depois de uma semana”, reclamou Adilson Pereira, lembrando ainda que a água é de péssima qualidade. “É muito suja, enferrujada e enche a caixa de lama”.

Durante a reunião, alguns lembraram que o Governo Federal deu várias caixas d’água e o caminhão pipa, mas a prefeitura não consegue viabilizar o fornecimento, ou não tem competência sequer para programar a distribuição aos carentes. “Os caminhões rodam o dia todo, mas eles só colocam a água pra quem querem. Todo dia agente ver eles enchendo piscinas nos sítios dos ricos”, denunciou o popular João de Luiza.

A dona de casa Katiane relatou que estava construindo e foi obrigada a parar a obra de sua casa. “Não teve jeito, pois não tenho água nem pra banhar”.

Todos os presentes na reunião afirmaram que, por diversas vezes, dormiram sem tomar banho. Para cozinhar, as mulheres saem na vizinhança pedido água. “É um ajudando o outro. Um dia a gente tem, no outro nada”, lamenta Delício, afirmando que o caminhão não passa na casa dele há mais de 30 dias.

Família de Eli Alves sobrevive com 700 litros por semana

Os moradores disseram, abertamente, que só não falta água para as pessoas que dão gorjeta, galinhas ou cervejinhas para os tais “pipeiros”. É tudo escancarado. Todos sabem da máfia, mas ninguém faz nada. Enquanto isso, geraizeiros penam, sofrem, são humilhados por uma simples caixa d’água. Exemplo é o senhor Eli Alves, que foi xingado ao reclamar da falta d’água. “Fui pedir e eles me xingaram. Não sei o que fazer, pois não tenho dinheiro para comprar água”, reclama Eli, que possui uma caixa de 500 litros e um tambor de 200 para sua família sobreviver por incríveis oito dias.

Os pipeiros mais citados pelos moradores são identificados por Cláudio e Irene. A reportagem os procurou, mas ainda não conseguiu contato.

Água para gramados não falta

Absurdo: caminhão pipa molha gramado enquanto famílias carentes não tem água nem para beber

Incrivelmente, ao retornar da reunião, a reportagem da Folha Regional deparou com um caminhão pipa molhando o gramado da Praça do Batalhão. Isso mesmo: no mesmo momento em que dezenas de famílias não tinham água sequer para cozinhar ou tomar banho, a Prefeitura de Taiobeiras, numa ação covarde, irresponsável, brutal, estava usando um caminhão pipa para molhar gramado. Algo insensível, praticado por pessoas fúteis, que pouco se importam com o sofrimento dos pobres.

A cena fotografada é revoltante. Um contraste ridículo proporcionado por uma Administração sem comando, sem clamor social. Como pode crianças carentes dormir sem banhar enquanto o prefeito DANILO MENDES RODRIGUES destina um caminhão pipa para molhar gramado???

Como pode um prefeito permitir que funcionários públicos cobrem propinas para abastecer famílias carentes??? E não adianta dizer que não sabe, pois os moradores já denunciaram por diversas vezes. Está gravado!

Outra coisa: não adianta ir ou mandar puxa sacos fazer retaliações contra as pessoas que aparecem nas fotos ou citadas na reportagem, pois estamos de olho. Resolvam o problema, tratem os carentes com dignidade. Mobilizem-se. Abandonem a covardia!