Oposição assume direção da Câmara de Salinas e a expectativa é de muita fiscalização

Câmara de Salinas sob novo comando: vice-presidente Eilton, presidente André e secretário Douglas

SALINAS – Se a situação estava ruim para o prefeito dessa cidade, Kinca Dias, agora ficou péssima, pois ele passará a ser fiscalizado e cobrado com muito mais veemência, já que o comando do Poder Legislativo caiu nas mãos de André Santana (PSD), eleito vereador como aliado de Kinca, mas que se transformou em adversário com o andamento da Administração. “Comigo, a Câmara de Salinas terá extrema independência, nada ficará nas gavetas”, disse André, neto do ex-deputado Geraldo Santana, que logo nos primeiros dias de presidência já colocou requerimentos em votação para convocar os secretários de Saúde e Finanças à Tribuna.

Para ganhar a presidência, André foi buscar três votos de vereadores eleitos na situação: Julimar Oliveira (PMDB), Edna Sarmento (PDT e Thiago Durães (SD), que somados com os votos de Eilton Santiago (PTB), Douglas Gomes (PV) e Fernandes Vicente (PSB), garantiram a apertada vitória. “Sinto honrado em conduzir a casa. A minha meta é colocar os anseios do povo de Salinas em 1º lugar”, disse André, deixando claro que buscará a harmonia entre os poderes. O vereador Eilton ficou como vice-presidente e vereador Douglas como secretário.

A eleição acabou sendo disputada com o vereador da situação Vilmar Almeida (PRP), que obteve 06 votos, inclusive o da vereadora Etelvina Ferreira, popular Tazinha (PTB), que até então era considerada da oposição. Na reta final, Vilmar tentou de todas as formas conquistar o voto de Thiago Durães, mas o esforço foi em vão. “Fiz uma disputa limpa. Não trabalho à noite, e acredito que André também não”, disse Vilmar após o anúncio do resultado.

O vereador Thiago disse para a reportagem que votou visando o melhor para a Câmara. “O vereador precisa ter independência em suas ações, principalmente no meu caso, que represento o grande povoado da Matrona. A intenção é ganhar força política para que, juntamente com o colega Eilton, possamos reivindicar os benefícios que Matrona precisa. Acredito que agora teremos força para legislar com autonomia”, disse Thiago.

O vereador Julimar explicou que votou em André por entender que ele reúne as melhores condições políticas para conduzir o Legislativo. “André tem condições de conversar com os poderes, principalmente com o promotor, com quem não devemos ter medo de conversar, pois ele fala o que tá na lei e tem a função de fiscalizar, assim como nós”, disse Julimar, lembrando do ex-presidente Ferreira Júnior, que, segundo ele, defendia a Câmara com altivez e independência.

A vereadora Edna Sarmento também defendeu a independência da Câmara, que, segundo ela, precisa ser reconhecida devido a sua importância. “Precisamos nos fortalecer para enfrentarmos os graves problemas sociais de Salinas, como as drogas e o desemprego”, disse. “Os vereadores lutam, trabalham, e mesmo assim as pessoas saem denegrindo a imagem, pois falta o devido reconhecimento da Câmara”, completou Edna, reclamando ainda do descaso do prefeito Kinca com o Poder Legislativo.

O vereador Eilton, um dos principais articuladores da eleição de André, disse que o objetivo da nova Mesa Diretora não é confrontar com o prefeito e sim requerer o devido respeito à Câmara. “Precisamos respeitar as posições de cada um, pois dinheiro não compra ninguém. Não podemos negociar o que é do povo, por isso vamos trabalhar com independência. A Câmara deve ser respeitada”, disse o vice-presidente.

 

Bloco de vereadores que elegeu a nova Mesa Diretora da Câmara de Salinas

Disse me disse dos bastidores

Até chegar ao dia da votação, houve muitas negociações, acordos e disse me disse. Inicialmente, o nome cotado para ser presidente era do vereador Eilton Santiago, que chegou a somar 08 votos, tanto da oposição como situação.

Quando a eleição caminhava para o consenso, o prefeito Kinca Dias entrou no cenário e permitiu o retorno do vereador Osmário Martins (PSB) para a Câmara. Ele estava ocupando a Secretaria de Obras e já voltou para o Legislativo como candidato a presidente. A partir de então, o tabuleiro bagunçou e as negociações abriram uma série de possibilidades. Ou seja: o prefeito abriu mão da oportunidade de ter ficado quieto.

Dias antes da eleição, o vereador Eilton perdeu a paciência com a interferência do prefeito Kinca e retirou seu nome da disputa, passando a apoiar a candidatura do colega André Santana, para desespero da Administração, já que André é neto de Geraldo Santana, que se tornou ferrenho adversário político de Kinca.

O prefeito melou o possível consenso em torno do nome de Eilton por um motivo estranho: a advogada Christiane Ribeiro, que é de total confiança do vereador e autora de vários processos contra a Administração. Kinca queria que Eilton garantisse que não colocaria Christiane na Assessoria Jurídica caso virasse presidente.

Questionada sobre o envolvimento de seu nome nas negociações, Dra. Christiane disse que “o assunto nem merece ser comentado”. Depois da vitória de André, a advogada alfinetou o prefeito em seu perfil no Facebook: “Quem teme uma sardinha, acaba sendo engolido por um tubarão”.

Com o lançamento da candidatura de André, as pretensões de Osmário perderam força, pois não conseguiu somar votos suficientes, já que o vice-prefeito Tião de Olegário, com o aval do ex-deputado Geraldo Santana, já estava participando das negociações. Com isso, Osmário recuou e foi lançada a candidatura de Vilmar, que levou o voto de Tazinha, mas perdeu Julimar e Thiago.

“Existiu muito disse me disse no processo eleitoral, por isso peço perdão se houve conversas que ofenderam os colegas”, disse Osmário após a eleição. Ele também fez um breve relato sobre a sua passagem pela Secretaria de Obras. “Também peço desculpas por não ter atendido as demandas, pois no Executivo não se consegue fazer o que a gente pensa”, completou.