Aplicação de um novo modelo de produção de tomate – uma técnica encantadora

Professores e aluna da Unimontes produzem artigo sobre novidade no mercado em relação à cultura do tomate. Foto dos autores: Professor Ms. Fernando Batista Coutinho Filho, Professora Especialista Alessandra Araújo Fernandes e Bacharel em Ciências Contábeis Taylane Bandeira de Sá.

A agricultura corresponde a um setor produtivo que vem transformando a economia e a alimentação brasileira. O agronegócio atingiu novos mercados e novas proporções, gerando superávits a economia brasileira. O tomate está entre as principais hortaliças agregando relevância a economia mundial. É consumido pelo brasileiro de diversas formas tornando componente de culinária local. Entretanto para melhores resultados e para mostrar o controle sobre a estimativa de custos na produção de lavouras, com maior exatidão perante o capital investido no negócio, se faz necessária a contabilidade de custos.

Desse modo a presente pesquisa teve como objetivo geral, elaborar um modelo de custos aplicado na produção de tomate no distrito de Nova Matrona (Salinas/MG). Para atingir a finalidade proposta, realizou-se uma pesquisa descritiva, bibliográfica e de campo, tendo como fundamentação teórica a contabilidade, contabilidade financeira, contabilidade gerencial, contabilidade de custos, contabilidade rural, tomate do plantio a colheita e distrito de Nova Matrona.

O marco teórico da pesquisa foi direcionado pelos seguintes autores: Martins (2019), Nick, Silva e Borém (2018), Júnior e Venzon (2007). Elaborado o modelo, calcularam-se os custos utilizados na produção de 10.000 pés de tomates, divididos pelas etapas: preparo do solo e das mudas, agrotóxicos, mão de obra, adubo químico, energia e demais custos. Mediante os resultados obtidos, do modelo de custos aplicado, os componentes com maior destaque foram os custos com agrotóxicos.

Entendimento teórico

A Contabilidade de Custos é definida por Bruni e Famá (2004) como o desenvolvimento sistemático de princípios contábeis para o registro dos custos das atividades empresariais. Desse modo, a partir das informações obtidas das atividades e vendas, utilizam-se os dados contábeis e financeiros para a definição dos custos.

Sobre o objeto da contabilidade de custos, Leone (2000) destaca que é bastante amplo, ela atua sobre toda a empresa envolvendo os dados de vários setores, como os dados da própria empresa, dos produtos, serviços, componentes administrativos e operacionais que compõem toda sua estrutura funcional. No entanto, para fornecer as informações é necessário que se estabeleça os objetivos, metas, orçamentos e parâmetros de cada setor, auxiliando os responsáveis a desenvolverem suas tarefas com maior eficácia e perfeição.

A Contabilidade de Custos possui duas funções relevantes. A primeira delas é o controle que fornece dados para a implantação de padrões, orçamentos e outras formas de previsão, enquanto a segunda é o auxílio à tomada de decisões, que consiste em sustentar as informações de valores relevantes sobre consequências de curto e longo prazo, administração de preços de venda, dentre outros (MARTINS, 2019).

Tomate, do Plantio à Colheita – Origem e Cultura do Tomate

O tomate é originário da América do Sul, entre o oeste do Equador e o norte da Bolívia e Chile, sua propagação ocorreu na Europa pelos conquistadores espanhóis, espalhando a partir daí para todo o continente (NICK, SILVA e BORÉM, 2018).

No Brasil até a década de 30 a plantação de tomate era específica para fundo de quintal ou para espaços reduzidos, contudo com a vinda de imigrantes italianos e japoneses aumentou-se o consumo, estimulando a procura do produto. Na atualidade é consumido pelo brasileiro de diversas formas tornando componente da culinária local (JÚNIOR e VENZON, 2007). O tomate domina o segundo lugar dentre as hortaliças em relevância para a economia mundial. No domínio nacional o tomate incluiu o Brasil em oitavo lugar como maior produtor mundial de hortaliças (JÚNIOR e VENZON, 2007). Em 2013 o tomate movimentou uma quantia de 4,2 bilhões na economia, com produção de aproximadamente 3.973.164 toneladas (NICK, SILVA e BORÉM, 2018).

Exigências Climáticas

O tomateiro se adequa ao clima tropical de altitude e o subtropical, fresco e seco, com maior índice de luminosidade, esse ambiente favorece um bom e mais rápido crescimento e produção. As chuvas e a alta umidade relativa do ar, e às oscilações de temperatura, contribuem a ampliação, e ao alto risco de disseminação de doenças e pragas, outro fato desfavorável são os ventos quentes e fortes que prejudicam a floração e a frutificação do tomate (EMBRAPA, 1993).

A temperatura ideal varia pelo desenvolvimento da planta, na germinação está na faixa de 16 a 29°C, no desenvolvimento em torno de 21 a 24°C, na colheita de 19 a 24°C. Se ocorrer de chegar a uma temperatura superior a 35°C sucede em uma baixa dispersão de pólen, que resultará em frutos pequenos e/ou com deformidades (JÚNIOR e VENZON, 2007).

Cultivares

Arriscam-se dizer que a seleção e escolha de um cultivar podem ser apontadas como a decisão mais importante na implantação de uma lavoura de tomate, no momento da escolha é levado em conta várias características de mercado, como por exemplo: coloração dos frutos, textura, produtividade, durabilidade, sabor, características nutricionais, entre outros (NICK, SILVA e BORÉM, 2018).

Os autores supracitados ainda relatam que os cultivares são divididos em segmento mesa ou industrial, no grupo mesa tem-se quatro espécies, o Santa Cruz que é o grupo mais conhecido no mercado com menor preço e sabor ácido, o Grupo Salada que é considerado o grupo com maior produtividade no Brasil nos últimos tempos, o Grupo Italiano que se distingue pelo sabor adocicado com textura e aroma agradável, o Grupo Minitomates por serem miniaturas se destacam em pratos atrativos e modernos com variados aspectos, o Grupo Industrial que ressalta um fruto resistente com polpa espessa e poucas sementes.

Produção de Mudas

A produção de mudas do tomateiro pode ser preparada em alguns tipos de recipientes, a Embrapa (1993) cita que os mais comuns são em sementeira, em copinho de papel, ou em bandeja de isopor.

No sistema de sementeira as sementes são lançadas, e as que germinam são repicadas para os canteiros e alocadas a área demarcada, na aplicação para a vedação das bordas, cobrem-se a sementeira e o canteiro com uma lona plástica. Na semeadura em copinhos, estes são produzidos com papel jornal com medições de 7 a 8 cm de diâmetro por 7 a 10 cm de altura, é colocados terra e adubo nos copinhos e arrumados em forma de canteiro. A terceira opção é a semeadura em bandeja, onde as aberturas são cheias pelo preparo de vermiculita expandida, matéria orgânica e fertilizante, as bandejas são apoiadas em um suporte (EMBRAPA, 1993).

O autor supra, expõe ainda, que em todos os sistemas, o período médio de crescimento das mudas, é de 20 a 30 dias.

Preparo do Solo e Área de Plantio

Na escolha do local é necessário examinar e levar em conta alguns pontos, o acessível trajeto de entrada e saída de máquinas e implementos, regiões ensolaradas, com abundante acumulo de água. O tomateiro ainda carece de solo formado, elaborado e organizado com textura e boa drenagem, proporcionando progresso na planta impedindo-se transtornos fitossanitários (JÚNIOR e VENZON, 2007).

Não é aconselhado o plantio de hortas perto da lavoura de tomate, por prevenção a doenças e pragas comuns às hortaliças, como espécies de insetos e mosca branca (NICK, SILVA e BORÉM, 2018). Tendo em vista a utilidade do rompimento de camadas compactadas na terra, se torna necessário o preparo do solo, geralmente processado com uma aração e duas gradagens (NICK, SILVA e BORÉM, 2018).

Transplantio

Normalmente o transplantio é realizado com o solo úmido e em um horário do dia de temperatura amena, as mudas devem ser transferidas expondo 4 ou 5 folhas, mantendo-se enterrada na mesma profundidade em que se encontrava no canteiro, copinho ou na bandeja, acompanhado com um rápido aperto da terra ao redor da muda remetendo um melhor contato com as raízes (EMBRAPA, 1993).

Em relação à distância, Júnior e Venzon (2007) diz que, comumente utiliza-se um espaço entre fileiras de 1 a 1,2 m, e entre as plantas 0,3 a 0,6 m.

Adubação

Existem variadas recomendações de adubação, a orgânica, correção da acidez do solo, adubação de mineral de plantio e cobertura, se respaldando sempre em avaliações químicas em laboratórios, que é diversificada entre as regiões (NICK, SILVA e BORÉM, 2018).

No solo, o ideal para o tomateiro é um pH de 5,5 a 6, assim os efeitos prejudiciais são reduzidos e o fósforo e molibdênio é aumentado. É necessária a calagem com cálcio e magnésio para um reforço de nutrientes no solo, e desenvolvimento das plantas (JÚNIOR e VENZON, 2007).

A adubação orgânica com estercos ou resíduos de outra natureza favorece o desenvolvimento e fortificação das raízes, sempre bem dosadas para não suceder a cenários inesperados (NICK, SILVA e BORÉM, 2018).

Tratos Culturais: Tutoramento e Amarrio

O amarrio é praticado posteriormente ao transplante das mudas, em média de 10 a 15 dias, evitando ocorrer o tombamento da planta, e pode ser feito com fitilho, fita plástica entre outros, a laçada deve ser reproduzida em formato de oito, uma das partes contornando a estaca ou bambu e a outra parte rodeando a planta (JÚNIOR e VENZON, 2007).

O tutoramento é executado para firmar às plantas, e não ocorrer o contato direto com o solo, estimulando os frutos a uma maior produção e qualidade. Além de gerar uma maior ventilação e captação solar as folhas e frutos, é uma etapa imprescindível para o crescimento do tomateiro, e configura em uma grande mão de obra aos produtores (NICK, SILVA e BORÉM, 2018).

Nick, Silva e Borém, (2018), ainda abrangem 3 tipos de tutoramento, o cerca cruzada é o mais utilizado, onde são amarradas as plantas a estacas caracterizando um V invertido junto a duas fileiras, a segunda opção é o tutoramento vertical, em que são amarradas verticalmente as plantas, ao bambu, ou estaca, e dois mourões sustentam as extremidades, a terceira possibilidade é o tutoramento mexicano no qual dois mourões são acoplados nas extremidades, e deve ser amarrada as plantas a cada 30 cm com fitilho.

Desbrota

A desbrota é a eliminação de brotos gerados basicamente nas axilas das folhas do tomateiro, no caso de permitir o crescimento de uma gema axilar e do ápice, conduzem-se a planta com duas hastes, já com o desenvolvimento apenas da gema do ápice ocorre a condução com uma haste (JÚNIOR e VENZON, 2007).

Os autores supracitados ainda explicam que deve ser executada a desbrotagem ao menos uma vez por semana, conforme a quantidade de cachos deixada em cada pé será a produção da lavoura, ou seja, quanto menor a quantidade de cachos maior será o fruto e menor será a produção, e vice-versa.

Irrigação

A irrigação é um fator inevitável na evolução da produção de tomate, sendo impulsionadora na produtividade e qualidade dos frutos. É necessária a escolha de um sistema de irrigação de qualidade, que resulte em condições eficientes na utilização da água acompanhada da energia, fertilizantes e mão de obra (NICK, SILVA e BORÉM, 2018).

Nick, Silva e Borém (2018), citam alguns tipos de sistemas de irrigação para o tomate. Os melhores sistemas para o tomate são aqueles que inibem o molhamento folhar, apesar de existir sistemas que fujam desse modelo. É comum em pequenas propriedades ainda utilizarem mangueiras, regadores e outros, mas existem sistemas bem mais eficientes mesmo que de custo maior, pelo método de aspersão tem-se o sistema convencional móvel muito utilizado pela sua mobilidade e adaptabilidade, o sistema convencional fixo que não pode ser utilizado em outras áreas, mas otimiza a mão de obra e o pivô central para cultivos maiores.

Os autores supracitados relatam ainda, o método de micro irrigação, pelo sistema de gotejamento, este sistema utiliza-se da aplicação de água localizada, não submetendo a exposição das folhas e frutos, inibindo doenças nas lavouras.

A quantidade e a frequência de irrigação variam de acordo com o tipo de solo, condições climáticas entre outras características, a irrigação ainda deve conservar úmida a camada de solo, atingindo em média 40 cm de profundidade (EMBRAPA, 1993).

Pragas e Doenças

Lopes e Ávila (2005) descrevem que, cerca de duzentas doenças e distúrbios fisiológicos (doenças não transmissíveis) já foram evidenciados afligindo a tomaticultura em todo o mundo, resultando em grandes danos. Na visão dos referidos autores, seja qual for a doença, ela efetivamente ocorre na presença simultânea de um agente causador, de um hospedeiro suscetível e de condições climáticas, por isso é essencial informar-se sobre esses fatores, e atualizar-se sobre as técnicas de manejá-los, para a prevenção de doenças e pragas.

O trabalho e considerações finais

O presente trabalho buscou elaborar um modelo de custos da produção de tomate em Nova Matrona/MG. Para isso foram analisadas as produções desenvolvidas pelos agricultores do local, que plantam acima de 10.000 pés de tomate.

Inicialmente, foram coletados por meio de planilhas, os dados para a apuração dos custos. Para alcançar a quantidade utilizada, foram feitos cálculos baseados em 10.000 pés de tomates, além de contar com os conhecimentos e a experiência dos lavradores. Chegando aos preços dos produtos por meio de cotação de preços, todos disponibilizados por empresas especializadas na venda de produtos agrícolas.

No decorrer da pesquisa buscou-se expor as fases de produção do tomate do plantio à colheita, onde foi analisada a atividade e identificadas as seguintes fases: preparo do solo, produção de mudas, transplantio, irrigação, adubação, aplicação de agrotóxicos, tutoramento, amarrio, desbrota, colheita e pós-colheita.

Diante do objetivo de identificar os custos necessários para a produção de tomate, foi efetuado o levantamento de todos os gastos utilizados na produção, divididos pelas etapas: preparo do solo e das mudas, agrotóxicos, mão de obra, adubo químico, energia e demais custos.

Elaborado o modelo de custos de produção de tomate, apurou-se o custo total de R$ 57.564,85, o que corresponde a R$ 5,76 por pé. Dos componentes dos custos, os itens com maior expressão foram os agrotóxicos, representando um percentual de 46% do custo total. Na sequência a mão de obra, correspondendo a 19% e com 18% o preparo do solo e das mudas.

Com relação à receita, pode-se observar que os valores das vendas, variaram de no mínimo R$ 18,00 a R$ 34,00 a caixa do tomate, sendo que na média o valor foi de R$ 24,54. Observa-se uma receita de R$ 57.258,00.

No referido período, calculados os resultados, depreende-se como consequência um prejuízo que pode ser justificado pelos seguintes fatores: a agricultura é uma atividade que apresenta muitos riscos, por exemplo: fatores climáticos, pragas e doenças, além do preço de venda, que é determinado pela lei da oferta e demanda. O cenário atual causou uma queda na produção de insumos, gerando uma alta nos preços.

Contudo, sem a utilização de um sistema de custeamento, os agricultores não teriam condições de avaliar precisamente o custo de produção, e assim verificar até mesmo em que ponto ele pode trabalhar para diminuir os gastos. A contabilidade pode mostrar com exatidão, o que realmente é ganho ou perda na exploração da atividade agrícola, o que na maior parte, existe uma dificuldade para identificação.

Diante do objetivo de evidenciar os benefícios que a contabilidade de custos pode trazer para a gestão do plantio de tomate. Considera-se que ao aplicar o modelo de custos na produção de tomate, é possível de forma simples calcular os custos dos produtos agrícolas, gerando informações úteis que subsidia o produtor na gestão da atividade, para que possam ser adotadas medidas que envolva a lucratividade, e preços dos insumos, potencializando assim seus resultados.

A Contabilidade de custos é a grande ferramenta que permite um controle gerencial, fornecendo dados necessários para compreensão e identificação dos custos dos produtos, e assim dando suporte ao produtor rural para tomada de decisões mais precisas.

Sendo assim, mediante os resultados obtidos, considera-se que o objetivo geral da pesquisa, de elaborar um modelo de custos aplicado na produção de tomate no distrito de Nova Matrona (Salinas/MG) foi alcançado e as hipóteses foram confirmadas.

O estudo apresentado irá contribuir com produtores rurais que já atuam ou pretendam atuar na produção de tomate, com métodos e planejamentos contábeis que proporcione um melhor aproveitamento de insumos, com o intuito de maximizar os resultados.

Recomenda-se a realização de pesquisas voltadas a aplicação de modelo de custos em outras regiões, no ramo da agricultura e do agronegócio.

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