A estranha e misteriosa saída do Padre Vanderley da Paróquia de Taiobeiras

Na noite de terça (30), católicos fizeram vigília por quatro horas em frente à Igreja Matriz

Na última segunda (29/11) a comunidade católica de Taiobeiras foi surpreendida por um comunicado oficial da Arquidiocese de Montes Claros, por meio do arcebispo Dom João Justino, que determinou a remoção de Padre Vanderley Souza da Paróquia de Taiobeiras e o encaminhou para a Paróquia de Francisco Sá, isso de forma monocrática, sem ouvir as bases da igreja de Taiobeiras. As mudanças impostas por Dom João foram chanceladas por José Osanan de Almeida, chanceler do Arcebispado.

O anúncio da saída de Padre Vanderley caiu como uma bomba em Taiobeiras. O Jornal Folha Regional descobriu que a sua chegada à Paróquia São Sebastião foi por meio de intervenção, já que “desvios” vinham e estão sendo apurados, segundo fonte da reportagem. Passados nove meses, o que se percebe é uma nova intervenção, já que as mudanças estão sendo feitas de forma abrupta, sem consultas e muito menos explicações. A Congregação Sagrada Família, que abriga os atuais padres, simplesmente devolveu a Paróquia para a Arquidiocese de Montes Claros.

Aí mora o mistério.

Por qual motivo a Congregação Sagrada Família estar desistindo de Taiobeiras?

Por que entregar uma Paróquia justamente no momento em que vem sendo revigorada por um novo líder?

Qual é a motivação dessas decisões impositivas?

Por que nenhuma satisfação é dada para a comunidade católica local?

Por que um padre evangelizador, ativo e transparente é removido com nove meses, enquanto que outros totalmente inertes perpetuam?

São perguntas silenciadas ao longo dos anos. E, talvez, esse silêncio explique a decadência imposta à Paróquia por mais de uma década.

Por tudo isso, existe um sentimento geral de que algo muito obscuro vem ocorrendo nos bastidores da Paróquia. São muitas suspeitas, especulações e burburinhos, justamente por que ninguém vem a público prestar esclarecimentos. Tudo é muito nebuloso, típico de trama cinematográfica.

Para o professor e historiador Levon Nascimento, católico taiobeirense que já foi alvo de grupos dominadores da Paróquia, esse episódio da remoção do Padre Vanderley “desnuda o quanto de autocracia e surdez hierárquica ainda corroem as artérias do catolicismo”. “Fala-se muito na responsabilidade que os leigos devem assumir para com a Igreja, mas o clero continua a não conversar, a não ouvir e a mandar como antigos senhores feudais”, escreveu o professor, que questiona o método e a estrutura engessada da igreja.

Fato é que, passados três dias do anúncio da transferência, o arcebispo João Justino, de Montes Claros, autor das medidas, ainda não se pronunciou publicamente, mesmo depois da vigília realizada ontem em frente à Igreja Matriz de Taiobeiras, onde centenas de pessoas rezaram, cantaram e pediram pela permanência do Padre Vanderley na Paróquia.

Tudo é muito estranho. Mesmo diante da enorme repercussão negativa, nenhuma autoridade religiosa se manifesta, o que só faz aumentar as especulações e boatos na cidade.

Nossa reportagem já convidou Padre Vanderley, por duas vezes, para entrevistas, mas ele estar orientado por superiores a não se manifestar para evitar mais polêmicas. Por nota, o padre explicou que a partir de fevereiro de 2022 a Paróquia será assumida por padres diocesanos. “Os Padres Religiosos devem obediência ao superior provincial e ao Arcebispo Arquidiocesano, fazendo desta forma que eu obedeça e esteja de acordo às normas estabelecidas”, escreveu Padre Vanderley.

Folha Regional fez contato com Fabíola Lauton, da Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Montes Claros, e ela informou que ainda não tem nenhum posicionamento sobre o caso que repercute em Taiobeiras.

A reportagem solicitou Nota sobre as reclamações, manifestações e insatisfações da comunidade católica de Taiobeiras em relação a remoção do Padre Vanderley da Paróquia São Sebastião.

Também foram feitas as seguintes perguntas:

Por que Padre Vanderley estar sendo removido com apenas nove meses de Paróquia, sendo que a grande maioria vem elogiando o seu trabalho?

Por que a comunidade católica não foi ouvida antes de tomar a decisão da remoção?

Por qual motivo a Paróquia sofreu intervenção no início deste ano?

Qual posicionamento do arcebispo Dom João diante das manifestações da comunidade?

Assim que a Ascom da Arquidiocese enviar as respostas, nova matéria será publicada.

Comentários

  1. Da mesma maneira que aconteceu com a OFM, os Franciscanos, que abdicaram da Paróquia de Taiobeiras e a devolveu para a Diocese de Montes Claros. Situação, no mínimo, curiosa

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