Citamos Jesus, os Franciscos de Assis ou Xavier – e o nosso cotidiano de “Reis do Camarote”
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Professor Lídio Barreto |
Sempre testemunhara
a minha mãe (in memorian) a montar o presépio com tanta devoção - creio que por
isso, o natal para mim, sempre é momento de catarse e epifania – o velhinho
gordo e vermelho da coca-cola nunca exercera nem mesmo papel de coadjuvante nas
minhas reminiscências - sem ressentimentos, mas o meu sapato era pouco
contemplado nesse paradoxal dia, mais capitalista do que cristão.
Falamos de um mundo
melhor, e... “se a minha mão se encontra distante do meu peito é por que há
distância entre intenção e gesto” (Chico Buarque). As nossas atitudes caminham
ao encontro ou de encontro para a construção de uma sociedade menos injusta? Testemunhamos
mais atitudes de Reis dos Camarotes – citamos Madre Tereza de Calcutá, e o
nosso cotidiano é investido na agenda do Carpe Diem. Todos, mas principalmente,
professores, médicos, líderes religiosos, políticos detentores do privilégio de
influenciar o destino de muitas vidas – de nós, a vida espera atitudes com foco
no desenvolvimento coletivo, e, não obstáculos para retardar a nova era tão
esperada deste século XXI.
No Brasil, o
homofobismo ganha notoriedade e instiga um verdadeiro Apartheid, com a
verborragia de um deputado federal/pastor evangélico – uma besta. Outros
seguimentos religiosos seguiram essa manifestação anticristã. Alguns católicos
estavam aturdidos em relação aos homossexuais, mas o novo pontífice do
Catolicismo, o Papa Francisco, aquieta-lhes, orientando-os com a mensagem
cristã: mais tolerância e amor ao diferente. No continente Africano, em Uganda,
o deputado, pastor evangélico, David Bahati – este afirma: "Esta é uma
vitória para o Uganda. Estou satisfeito pelo parlamento ter votado contra o mal.
Nós somos uma nação temente a Deus, por isso é que os membros do parlamento
aprovaram a lei, apesar do que o mundo lá fora pensa" – A lei, que
criminaliza a homossexualidade e a sua promoção pública, prevendo penas entre
dois anos de prisão e prisão perpétua, terá agora de ter luz verde do
Presidente Yoweri Museveni, um cristão evangélico devoto, para entrar em vigor.
O diploma foi
fortemente condenado por ativistas dos direitos humanos e líderes mundiais,
como o Presidente norte-americano, Barack Obama, que o considerou como
"odioso", e o Nobel da Paz Desmond Tutu, que o comparou ao apartheid.
Se Deus é amor porque temê-lo? Mais evangélico ou evangelizado dentro da
filosofia cristã, seria “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a
ti mesmo”.
Outra barbárie: a Câmara
Municipal de Vereadores de Salinas, o poder legislativo, aprovou 13º salário para
vereadores e os chefes do poder executivo – na contra mão do clamor popular de
respeito e razoabilidade no emprego do dinheiro público. E o helicóptero da
família de um senador mineiro com 450 kg de cocaína, abastecido com dinheiro
público?
Ainda resta uma
esperança? E de Salinas, vem um exemplo grandioso e cristão que corrobora com a
seguinte parábola de Jesus Cristo: “Quando
derdes um jantar ou uma ceia, não convideis nem os vossos amigos, nem os vossos
irmãos, nem os vossos parentes, nem os vossos vizinhos que forem ricos, para
que em seguida não vos convidem a seu turno e assim retribuam o que de vós
receberam. Quando derdes um festim, convidai para ele os pobres, os
estropiados, os coxos e os cegos. E sereis ditosos por não terem eles meios de
vo-lo retribuir, pois isso será retribuído na ressurreição dos justos”. Uma
família Salinense, seguindo essa parábola, comemorou a festa de aniversário de
sua filha com as crianças destituídas de lares e famílias - órfãos.
Em São João do
Paraíso, Dona Margarida Barbosa de Deus, há mais de 20 anos, promove numa data
do calendário católico, um almoço, uma ceia, com inúmeros garotos anônimos – isso
seria comum se fosse num salão alugado – realiza no próprio lar dela. Não,
infinitamente não – a história não chegou ao fim – e conforme Chaplin: “cada segundo é tempo para mudar tudo para
sempre”.
É possível um mundo
menos injusto. Onde a minha, a sua, a nossa alegria seja diretamente
proporcional a do outro. E como dizia o
grande Médium Espírita Chico Xavier: “Embora
ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode recomeçar e
fazer um novo fim”.
Que o Alto Rio Pardo não seja apenas um local de desova de ambulâncias e
viaturas – que seja visto como lugar de pessoas capazes, e com as mesmas oportunidades
de trabalho de outras regiões de Minas Gerais. A persistência no bem move muitas
impossibilidades, quebra tabus – “paz na
terra aos homens de boa vontade”.
*Lídio Barreto é professor e diretor do Sindute/MG
Gostei
ResponderExcluirSempre há esperança quando o assunto é ser humano
ResponderExcluirÓtimo texto, professor Lídio Barreto... Precisamos mesmo conscientizar as pessoas sobre o verdadeiro valor do NATAL. Parabéns!
ResponderExcluirParabéns pelo texto!!!
ResponderExcluirExtremamente humano e profundamente cristão o seu artigo, Lídio. Parabéns!
ResponderExcluirValeu pela a sua leitura - a exemplo de você , falamos de sinceridade.
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