Uso racional da água na irrigação

Coleta de lâmina d'água aplicada por sistema de irrigação por aspersão convencional fixa

*Por Marcelo Rossi e Ronaldo Medeiros

Estudos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO - ONU) estimam, para 2050, uma população mundial superior a nove bilhões de habitantes. Diante desse aumento, segundo a mesma entidade, será também necessário expandir a produção de alimentos em aproximadamente 70%, com a maior parte desse valor vindo do aumento de produtividade nas terras já ocupadas pela agricultura. Nesse sentido, a irrigação é uma das principais tecnologias. Segundo o estudo Atlas Irrigação, publicado em 2017 pela Agência Nacional de Águas (ANA), existem 6,95 milhões de hectares irrigados no Brasil, podendo chegar a mais de 10 milhões, em 2030.

Embora exista um cenário favorável à expansão da agricultura irrigada no Brasil, em diversas regiões, como o Norte de Minas, já ocorrem conflitos entre os diferentes usuários da água; fato que pode ser comprovado ao observarmos as intervenções da ANA na bacia do Rio Pardo, durante o ano de 2019.

Assim, o uso da água na agricultura irrigada exige um debate com a participação da sociedade civil, dos órgãos de regulação, da comunidade acadêmica, dos irrigantes e demais interessados, além de ações diretamente adotadas pelos irrigantes.

Encontram-se no Brasil os melhores fabricantes de equipamentos de irrigação existentes no Mundo. Uma vez escolhido o sistema de irrigação pelo produtor, há a necessidade de um bom projeto de irrigação, feito por profissionais qualificados. Uma etapa importante do processo, para o irrigante, é a implantação do sistema no campo, que sendo mal feita, pode comprometer todas as escolhas anteriores. Posteriormente, assim como um automóvel, há a necessidade de manutenção preventiva no sistema, após instalado.

Uma vez implantado o sistema de irrigação, o irrigante precisa adotar um plano de manejo, cujo objetivo básico é responder a duas perguntas: “QUANDO irrigar?” e “QUANTO irrigar?” Existem diferentes formas de se chegar às respostas, podendo-se trabalhar com algum tipo de monitoramento da umidade do solo, do estado hídrico da planta e do clima.

Embora já possuamos tecnologias consagradas para esses monitoramentos, sendo o Brasil um exportador de tecnologia em manejo da irrigação, é consenso que as mesmas não chegam até os pequenos e médios irrigantes. Isso pode e deve ser contornado por meio de ações contundentes de extensão rural (pública ou privada) para atendimento de um maior número de irrigantes, reduzindo os conflitos e a intranquilidade dos produtores e contribuindo assim para o uso racional da água na irrigação.

*Marcelo Rossi e Ronaldo Medeiros são professores do IFNMG – campus Salinas

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